Números
R$ 560 mil foi o patrimônio do ex-presidente da Valec declarado à Justiça Eleitoral em 1998, quando Juquinha foi candidato a deputado federal.
R$ 60 milhões é o valor dos bens que a Polícia Federal acredita ser de Juquinha atualmente. O patrimônio, segundo a PF, é incompatível com sua renda.
A Polícia Federal prendeu o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, acusado de ocultar e dissimular bens supostamente obtidos por meio de corrupção. A Valec é a estatal federal que cuida da construção de ferrorias, como a Norte-Sul. Na Operação Trem Pagador, desencadeada em Goiânia (GO), também foram detidos por suposto envolvimento no esquema a mulher dele, um dos filhos e um sócio de Juquinha. O ex-presidente da Valec dirigiu a estatal durante todo o governo Lula e foi afastado do cargo em julho do ano passado, durante a chamada "faxina" da presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes, comandado pelo PR.
Juquinha, que ocupa atualmente a presidência do PR em Goiás, é investigado por inflar os custos da Ferrovia Norte-Sul em Goiás e Tocantins, beneficiando empreiteiras. Perícias da PF apontaram sobrepreço e superfaturamento superiores a R$ 100 milhões. Ao fazer o levantamento de bens do ex-presidente para eventual ressarcimento de prejuízos com a obra, o Ministério Público Federal (MPF) descobriu um vasto patrimônio em nome dele, parentes e laranjas, estimado em R$ 60 milhões.
Além das prisões, a Justiça autorizou o sequestro de bens e bloqueou contas de envolvidos. A fortuna inclui oito fazendas, uma delas avaliada em R$ 8 milhões, um apartamento, terrenos e casas em condomínios fechados.
Segundo a PF, a fortuna é incompatível com a renda de servidor público. "Na Valec, ele ganhava de R$ 13 mil a R$ 20 mil. É um salário de alto escalão, mas que não deixa ninguém rico", afirmou o delegado da PF Eduardo Scherer. Quando se candidatou a deputado federal, em 1998, Juquinha declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) patrimônio inferior a R$ 560 mil.
O advogado de Juquinha, Heli Dourado, classificou a prisão como arbitrária, alegando que seu cliente sempre colaborou com as investigações. E adiantou que pedirá um habeas corpus. O PR divulgou nota informando que não vai comentar iniciativas da polícia e da Justiça.
Caso Cachoeira
Juquinha foi preso durante a manhã no condomínio Alphaville, em Goiânia, o mesmo em que a PF deteve, em outra operação, o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Essa não é a única possível ligação entre Juquinha e o caso Cachoeira. O PPS informou ontem que vai pedir a convocação do ex-presidente da Valec para ser ouvido pela CPMI do Cachoeira. Na sua gestão na Valec, Juquinha contratou a empreiteira Delta para obras na ferrovia Leste-Oeste, por R$ 574 milhões. O contrato foi assinado em novembro de 2010. E a Delta já recebeu R$ 31,9 milhões (o alvo da investigação da PF, porém, não é a ferrovia Leste-Oeste, mas a Norte-Sul). "O contrato com a Delta justifica a presença dele na CPI porque a empresa está sendo investigada", afirmou o deputado Rubens Bueno (PPS-PR).
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