O esquema de corrupção no Distrito Federal, conhecido como mensalão do DEM, provocou ontem a prisão de um integrante do Ministério Público. A promotora de Justiça Deborah Guerner e seu marido, o empresário Jorge Guerner, foram presos pela Polícia Federal em Brasília. Num relatório de 86 páginas, o Ministério Público Federal pediu a prisão preventiva dos dois sob a alegação de que estão atrapalhando as investigações com documentos falsos e que viajaram ao exterior sem pedir autorização à Justiça.
O pedido de prisão foi deferido na noite de terça-feira pela desembargadora Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região. Segundo o documento, Deborah, ao fingir ter problemas mentais, tenta "induzir" o Ministério Público e a Justiça ao erro e fere a "credibilidade" das instituições públicas. Os dois estão presos na Superintendência da PF e seus advogados já entraram com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A promotora Guerner é o braço do Ministério Público do DF no esquema de corrupção local, desmantelado em novembro de 2009 na Operação Caixa de Pandora. Ela e o colega Leonardo Bandarra, ex-procurador-geral (cargo que chefia os promotores locais), são acusados de cobrar propina do ex-governador José Roberto Arruda para garantir a proteção do Ministério Público ao seu governo. Arruda, aliás, chegou a passar dois meses preso em 2010. Deborah ainda teria agido, como promotora, para ajudar o marido nos negócios de coleta de lixo no governo do Distrito Federal.
A prisão ocorrida ontem vinha sendo planejada pelos investigadores desde que descobriram, no ano passado, gravações que foram plastificadas e enterradas num jardim da casa da promotora, em que Deborah e médicos combinam a elaboração de documentos falsos para ela alegar problemas mentais e atrapalhar os processos. As fitas são de imagens do circuito interno de segurança da casa da promotora, enterradas para evitar a descoberta de encontros com pessoas ligadas ao esquema. O estopim do pedido de prisão foi a viagem que ela e o marido fizeram à Itália no começo deste mês. O Ministério Público Federal, sob a coordenação do procurador Ronaldo Albo, monitorou os passos do casal e confirmou que eles não pediram autorização à Justiça nem informaram nada sobre a viagem ao exterior.
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