A Polícia Federal faz nesta quarta-feira uma operação em três estados - São Paulo, Minas Gerais e Roraima - de combate à produção e exportação de remédios brasileiros usados para emagrecimento. A operação foi batizada de Vênus em alusão à deusa da beleza. A PF pretende cumprir 11 mandados de prisão, e 16 de busca e apreensão, todos expedidos pela Justiça Federal de Minas Gerais. As diligências contam ainda com a participação da Vigilância Sanitária Estadual de Minas Gerais. Ao menos 10 pessoas já teriam sido presas.
As chamadas "pílulas brasileiras de emagrecimento" abastecem o mercado internacional, principalmente americano, onde o kit de Emagrece Sim, suficiente para uso durante 45 dias, custa acima de US$ 200. O medicamento não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É também anunciado como se fosse produto fitoterápico, 100% natural, quando, na realidade, conteria em sua composição substâncias psicotrópicas e anorexígenas, causadoras de dependência física e psíquica. O princípio ativo é o Femproporex.
O arsenal de drogas para emagrecer disponível no mercado faz do Brasil o campeão no consumo desse tipo de medicamento, levando a Vigilância Sanitária a propor uma resolução para evitar o consumo exagerado de remédios para emagrecer.
O crescimento das vendas do produto nos Estados Unidos tem chamado a atenção das autoridades sanitárias e policiais locais. A Operação Vênus contou com trocas de informações entre a Polícia Federal e os órgãos americanos FDA (órgão sanitário federal) e DEA (órgão policial federal de combate ao tráfico de drogas).PF apreende obras de arte e um Jaguar na casa da chefe do grupo.
A mineira Claudina Rodrigues Bonfim, de 37 anos, é acusada de coordenar o esquema, apresentando-se como uma empresária dos ramos farmacêutico e de cosméticos. Ela não foi encontrada, mas a PF apreendeu 60 obras de arte e um Jaguar em sua casa. Ainda de acordo com a polícia, a fábrica, que não tem alvará de funcionamento, funcionava em imóvel sem qualquer identificação no Bairro Morada Nova, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Foram encontrado quatro mil frascos de anfetamina, que entrariam na composição do medicamento.
Parentes de Claudina eram os responsáveis por estocar o produto já pronto para venda, bem como por enviá-lo para outras cidades brasileiras, principalmente São Paulo. Daí era exportada para os Estados Unidos, Venezuela, países da América Central, entre outros. Uma sobrinha administrava uma farmácia de manipulação, localizada no Bairro São Bento, em Belo Horizonte, empresa na qual, suspeita-se, eram desviadas as substâncias controladas presentes na fórmula do produto.
Para os pequenos e médios distribuidores, a remessa do Emagrece Sim era feita via Correios e outras empresas de transporte internacional expresso. Mas também ocorriam casos em que os próprios distribuidores vinham até o Brasil e se encarregavam de voltar para os seus países levando o medicamento ilícito nas bagagens pessoais.
A organização criminosa cooptou pessoas em Roraima, na fronteira com a Venezuela, para receber grandes cargas do produto, atravessar a fronteira e entregar o produto aos distribuidores locais. A quadrilha utilizava-se, ainda, de contas-correntes em nome de sobrinhos menores de idade para recebimento de remessas internacionais de capitais.
Os integrantes da quadrilha poderão responder por crimes de formação de quadrilha, de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, de tráfico internacional de drogas e de lavagem de dinheiro.
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