A Polícia Federal (PF) prendeu sete pessoas ontem durante uma operação que apura desvios de R$ 47,5 milhões do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). De acordo com a investigação, foram comprovadas irregularidades nos repasses do Ministério do Trabalho para a ONG Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), com 12 unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Na operação batizada de "Pronto Emprego", um dos assessores do secretário-executivo Paulo Pinto foi preso com cerca de R$ 30 mil de propina num hotel de São Paulo. Segundo o delegado Rodrigo Sanfurgo, responsável pela operação, o assessor chegou a São Paulo na segunda-feira, vindo de Brasília. À tarde, visitou uma unidade da ONG localizada na Zona Sul paulistana, onde recebeu o dinheiro. Em seguida, foi para o hotel.
Fundada em 2002, a organização é acusada de estar no centro do esquema dos desvios de recursos do Ministério do Trabalho. A quantia mencionada deveria ser destinada à criação e manutenção de centros públicos de empregos nos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro e, ainda, para a qualificação de trabalhadores nestas localidades.
Além da unidade da ONG em São Paulo, a PF fez buscas no Ministério de Trabalho em Brasília. A Polícia Federal constatou o desvio dos recursos públicos e lavagem de dinheiro desde a concessão de verbas, passando pelo direcionamento das contratações, inexecução de contratos, doações fictícias e simulações de prestações de serviço até a reinserção do dinheiro ao sistema econômico-financeiro.
Foram cumpridos 37 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, todos expedidos pela Justiça Federal de São Paulo. A operação contou com a participação de 150 policiais federais e dois auditores do Tribunal de Contas da União. Os presos responderão por quatro crimes: corrupção, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato. Somadas, as penas podem chegar a 37 anos.
A Ceat se define como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) "que se tornou uma referência na inclusão socioprodutiva e no resgate da autoestima do trabalhador". "A organização surgiu em função da necessidade de enfrentar um cenário dramático de desemprego no Brasil, em particular, na região metropolitana de São Paulo", diz o site da ONG. "Desde sua inauguração, em 2002, já atendeu mais de 1 milhão de trabalhadores em condição de desemprego."