A Polícia Federal desencadeou, na madrugada desta quarta-feira, a Operação Tsunami I para cumprir 12 mandados de prisão no Rio e um em Curitiba, Paraná, e 14 de busca e apreensão para combater o tráfico de drogas sintéticas, principalmente ecstasy e LSD, que vêm da Holanda para o Rio. Já foram presas dez pessoas, nove no Rio e uma em Curitiba. A quadrilha que, segundo a PF, é a principal do Rio a traficar drogas sintéticas, tem ramificações nos estados de São Paulo e Paraná. O patrimônio obtido com o tráfico de drogas pela quadrilha é estimado em R$ 5 milhões.
Boa parte das drogas era destinada a festas rave, como a realizada no município de Niterói no fim de semana e que está sendo alvo de investigação - 45 pessoas foram hospitalizadas . Uma delas, o fisioterapeuta Rogério Goulard de Oliveira, de 29 anos, ainda continua internado em uma clínica particular da cidade. De acordo com os médicos, o estado de saúde dele é estável. Segundo o Conselho Estadual Antidrogas (Cead), houve um aumento no atendimento a pacientes com problemas com drogas sintéticas . Especialistas afirmam que há mais de 20 dessas drogas em circulação e que os jovens estão consumindo experimentos caseiros , às vezes, dez vezes mais fortes do que a cocaína.
Noventa agentes na operação
Desde as 5h, cerca de 90 agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal estiveram em vários endereços no Rio de Janeiro para cumprir os 12 mandados de prisão temporária para coibir o tráfico de drogas internacional, além de um mandado de prisão em Curitiba. No Rio, a polícia realiza a operação, comandada pelo delegado Victor César Santos, nos bairros de Copacabana, Leblon, São Conrado, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.
No Itanhangá, os policiais prenderam Pablo Pelosi. Com ele, os agentes apreenderam comprimidos de ecstasy. Em Jacarepaguá, os comerciantes Jorge Luiz e Daniel Piraciaba, pai e filho, foram presos em casa. Cães farejadores acharam drogas na residência. Os agentes também estiveram em um prédio de luxo na Barra à procura do chefe da quadrilha, Francisco Junior. Eles vasculharam o apartamento, apreenderam documentos, mas não encontraram o acusado. Os policiais também estiveram em um outro endereço na Barra. Eles procuravam Carlos Henrique Moscoso, advogado e, de acordo com as investigações, responsável pela movimentação financeira da quadrilha. Ele também não foi encontrado e é considerado foragido. Os presos no Rio foram levados para a Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá. Em setembro, a polícia já havia prendido o primeiro integrante do grupo. Yuri Colesa foi preso no Tom Jobim com 20 mil doses de LSD.
Drogas entravam pelos aeroportos do Rio e de São Paulo
A investigação começou em 27 de junho, por meio de um pai que procurou a Polícia Federal, para pedir ajuda, ao descobrir que o filho estava completamente viciado em drogas sintéticas. Ele estava inconformado com a atuação dos traficantes que agiam impunemente na Barra da Tijuca, aliciando e viciando jovens da classe média alta daquele bairro. Após o início da investigação, a PF descobriu uma quadrilha de traficantes internacionais que atuam, principalmente, na importação de drogas sintéticas, quase sempre vindas da Holanda para o Rio.
Segundo a polícia, essa quadrilha comprava cocaína nos estado de São Paulo e Goiás e levava para a Europa, onde trocava quase tudo por ecstasy. Os aeroportos internacionais do Rio e de São Paulo são usados como porta de entrada. A quadrilha utiliza "mulas" (pessoas que levam as drogas) oriundas do próprio Rio e de outros estados. No Brasil, ela usava sites de relacionamento na internet para difundir o consumo do ecstasy e do LSD. O bando lavava o dinheiro das drogas em um salão de beleza e uma loja produtos eletrônicos na Barra da Tijuca. Todos os imóveis e contas bancárias dos investigados foram bloqueados pela Justiça.