Um laudo da Polícia Federal (PF) tornado público nesta quinta-feira (17) mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua esposa Maria Letícia eram os principais ocupantes das dependência do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). O imóvel está em nome de Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna Filho, mas de acordo com o laudo, a PF não encontrou indícios de ocupação dos dois no local.
Veja fotos das dependências do sítio
Segundo os peritos, “não foi identificado qualquer objeto pessoal que pudesse indicar o uso regular de algum cômodo por Jonas Leite Suassuna Filho ou Fernando Bittar, que constam como titulares do registro oficial dos imóveis”. O único objeto ligado aos dois, segundo o laudo, foram croquis da reforma no sítio, encontrados na suíte ocupada por Lula e Marisa. “É importante ressaltar que neste cômodo os únicos itens com identificação relativa à pessoa de Fernando Bittar referem-se a croquis da reforma do sítio encontrados no interior da pasta encaminhada à Sra. Marisa Letícia”, relatam os peritos em relação à suíte um.
Para a PF, não resta dúvidas de que Lula era o principal ocupante das dependências do sítio. “Foi constatado que o casal Luiz Inácio Lula da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva exercia o uso das principais instalações e benfeitorias no sítio”, dizem os peritos. Além disso, o laudo mostra que militares vinculados à segurança da Presidência da República “pernoitavam e trabalhavam no sítio com frequência”.
O imóvel
O sítio possui uma casa principal, duas outras casas, espaço gourmet, alojamento para seguranças, casa de barcos, depósito, casa do caseiro, pesqueiro e lagos. De acordo com o laudo da Polícia Federal, a casa principal possui ainda piso de pedra polida, paredes revestidas com pedras, forro de gesso, forro de madeira, duchas com aquecimento a gás, portas e janelas em madeira de lei, lustres, eletrodomésticos embutidos e ilha gourmet na cozinha. O sítio tem também um espaço gourmet, que segundo o laudo da PF possuiu uma piscina, churrasqueira, forno e fogão a lenha, pia, geladeira e freezer.
A PF buscou por objetos armazenados nas dependências de todas as construções do sítio que pudessem ser associados aos seus frequentadores. Na suíte um da casa principal a Polícia Federal encontrou diversos objetos pessoais do ex-presidente Lula e de sua esposa, Marisa Letícia.
Foram encontrados objetos como charutos, chapéus, calçados, bijuterias, uma caixa de ovo de páscoa gravada com o nome de Lula, toalha bordada com o nome do ex-presidente, cartões de boas festas, barco e até medicamentos manipulados em nome de Marisa.
No espaço gourmet, a PF encontrou uma garrafa vazia de aguardente de cana da marca Havana, contendo impressa uma etiqueta adesiva com a dedicatória “Ao eterno presidente do Brasil Luiz Inácio (Lula)”. Na casa dois, os peritos não encontraram nenhum objeto pessoal que indicasse ocupação, apenas uma caneca de alumínio com brasão do Corinthians e com as inscrições gravadas “Ilmo Sr: presidente Lula”.
Reforma
De acordo com o laudo da PF, as principais benfeitorias realizadas no sítio estão na casa principal. Os peritos citam como exemplo a lareira existente na suíte um, sala de estar com lareira, piscina aquecida, cozinha gourmet, varandas, espaço gourmet e adega. O espaço conta ainda com uma sauna, que não chegou a ser concretizada para uso.
Os peritos reforçam, ainda, a instalação de sistemas de segurança em todo o sítio, “assim como o depósito utilizado para armazenamento de caixas diversas que (...) relacionam-se à mudança do ex-presidente Lula”.
Investigação
A Polícia Federal investiga se Lula seria o real proprietário do sítio em Atibaia e se a propriedade teria sido repassada a ele como forma de pagamento de propina da corrupção na Petrobras. Lula nega ser o proprietário do sítio e diz que a propriedade foi disponibilizada por amigos para que ele tivesse onde descansar.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”