O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta sexta-feira (19) que as denúncias feitas pela jornalista Mirian Dutra, que teve um relacionamento extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, serão analisadas por uma área técnica da Polícia Federal. De acordo com a ex-amante do tucano, a Brasif S.A. Exportação e Importação ajudou o FHC a enviar recursos para ela no exterior. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela afirmou que a transferência ocorreu por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, com validade entre dezembro de 2002 e dezembro de 2006.
Em visita ao Rio para acompanhar o esquema de segurança para os Jogos 2016, o ministro da Justiça afirmou que o caso deve ser analisado como seria com qualquer outro cidadão. Cardozo disse que o suposto envio de recursos para o exterior pelo ex-presidente deve ser analisado por um estudo técnico e jurídico, com o objetivo de se determinar eventual ocorrência de delito. Se comprovado indício de crime, segundo ele, a Policia Federal realizará uma investigação.
“Sou acusado de não controlar a PF e de instrumentalizá-la, pelos adversários. Tudo será investigado. Essa não é uma situação atípica ou diferenciada. Não vale apenas para FH, mas para todos os brasileiros”, disse o ministro.
Cardozo não quis emitir opinião sobre as acusações a FHC. Pela manhã, ele vistoriou a operação de segurança do Mundial de Saltos Ornamentais, no Parque Olímpico do Rio. O mundial é um dos eventos-teste para os Jogos de 2016.
Na semana passada, o ministro voltou a defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Cardozo, que deixou claro que não interfere nas investigações, Lula sempre agiu com lisura. De acordo com o ministro, setores da oposição querem manchar a imagem do petista por considerá-lo um adversário forte e respeitado.
Histórico do caso FHC
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Mirian Dutra disse que a Brasif S. A. Exportação e Importação ajudou o ex-presidente a enviar ao exterior recursos para ela e para o filho Tomás Dutra.
Ao jornal, ela explicou que a transferência foi feita através de um contrato fictício de trabalho de 2002 e que valeria até 2006. O valor seria de US$ 3 mil por mês. A Brasif explorava na época os free shops em aeroportos do país. À Folha, ela negou ter trabalhado em um duty free.
“Ele [FHC] me contou que depositou US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”, disse a jornalista, que trabalhou durante 35 anos na TV Globo.
Ao jornal, FHC afirmou ter enviado dinheiro para Tomás mas que não usou a empresa. Disse que o dinheiro enviado vem de “rendas legítimas”.
Gabinete de Serra
Nesta sexta (19), o jornal O Globo mostrou que o senador José Serra (PSDB) emprega em seu gabinete do Senado, como funcionária fantasma, Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian.
Margrit vai diariamente, de manhã e à noite, registrar sua digital na entrada principal do Congresso, a Chapelaria, mas não cumpre expediente. Serra negou que ela seja fantasma e disse que Margrit trabalha de casa, prática vetada no Senado.
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