A Polícia Federal (PF) vai indiciar o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documentos falsos. A investigação mirou os movimentos de Pizzolato desde 2007, segundo a PF, quando ele começou a esboçar o plano de deixar o Brasil. Condenado no processo do mensalão, Pizzolato fugiu para a Itália em setembro do ano passado. Na última terça-feira, a Justiça daquele país negou o pedido de extradição feito pelo Estado brasileiro.
Em novembro de 2007, em Santa Catarina, Pizzolato deu entrada para tirar uma carteira de identidade em nome do irmão, Celso, morto deste 1978. A partir de então, ele obteve CPF, passaporte e inscrição eleitoral, sempre passando-se pelo irmão falecido. Nas eleições de 2008, Pizzolato conseguiu, inclusive, votar no Rio de Janeiro, como se fosse Celso Pizzolato.
Segundo o delegado responsável pela investigação, Caio Pellini, uma fragilidade no sistema permite a alguém que já tenha RG e CPF retirar documentos em nomes de outra pessoa. "O RG dele era de São Paulo. Ele retirou segundas vias em nome do irmão em outros estados (Santa Catarina e Rio de Janeiro). No Brasil, o sistema não permite confrontação dessas informações interestaduais online", justifica.
A polícia identificou, no entanto, que Pizzolato fornecia seu endereço verdadeiro do Rio de Janeiro para receber alguns dos documentos requeridos. Em 2008, deixou mais um rastro: com a identificação de Celso, solicitou autorização para votar na zona eleitoral onde estava inscrito seu próprio título.
Dessa vez, Pizzolato está sendo acusado de cometer noves crimes. Cada um deles prevê pena de um a nove anos de prisão.