A direção da Polícia Federal divulgou nota neste domingo informando que vai instaurar inquérito para apurar o envolvimento do empresário Daniel Dantas com a produção de um dossiê supostamente forjado para incriminar autoridades do governo federal. O conteúdo do dossiê foi divulgado pela revista "Veja".
A nota da PF informa ainda que o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, não tem nem nunca teve contas bancárias no exterior. O órgão afirma, na nota, que a denúncia é uma farsa e acusa a revista de ter agido de forma irresponsável ao divulgar os dados do dossiê. A seguir a íntegra da nota da PF:
"A Revista VEJA desta semana, na matéria intitulada 'A Guerra nos Porões', divulgou lista de autoridades públicas com supostas contas secretas em paraísos fiscais, uma das quais seria em nome do diretor-geral da Polícia Federal. A reportagem atribuiu ao senhor Daniel Dantas, do Banco Opportunity, a contratação de 'espiões estrangeiros' que teriam montado dossiês de investigações financeiras clandestinas no exterior.
A Polícia Federal esclarece que, na data de 04/11/2005, a Direção Geral do DPF, por meio de correspondência interna, já alertara aos setores competentes desta corporação, sobre comentários de origem não identificada dando conta que estaria em curso uma ação ardilosa para atribuir falsamente a integrantes do atual governo a titularidade de recursos financeiros ilegais mantidos fora do Brasil, sendo um dos alvos o próprio Diretor-Geral desta organização policial.
O alerta do referido dirigente solicitava ao mesmo tempo que as autoridades policiais competentes adotassem as medidas necessárias para a investigação reservada dos fatos, tendo naquela oportunidade o diretor-geral do DPF, para maior agilidade da apuração, autorizado a todos, de forma expressa, o acesso ao seu sigilo bancário e fiscal, no Brasil ou no exterior. A despeito da investigação ainda não ter sido concluída, permanece em vigor a ordem de amplo acesso às suas declarações de rendimentos e a quaisquer outras informações bancárias e financeiras.
Agora, a divulgação da Revista VEJA, veio comprovar a autoria da trama criminosa, arquitetada e levada a efeito por um grupo de pessoas com histórico de envolvimento em delitos de violação de sigilo, divulgação de segredo, interceptação telefônica ilegal, corrupção e formação de quadrilha, apurados pela própria Polícia Federal na chamada Operação Chacal, em 2004, que resultou em Ações Penais propostas pelo Ministério Público Federal, havendo atualmente dois Processos Criminais em andamento na Justiça Federal - Seção Judiciária em São Paulo - Capital.
Em face ao exposto, o Departamento de Polícia Federal informa que instaurará nesta segunda-feira inquérito policial destinado a investigar em toda a extensão os fatos divulgados na reportagem 'A Guerra nos Porões', da Revista VEJA, edição nº 1956, com circulação nacional a partir de 13/05/06, tendo em vista as notícias que evidenciam a produção de dossiês forjados para tentar incriminar falsamente autoridades públicas.
Por oportuno, o Diretor-Geral da Polícia Federal esclarece que seu nome é Paulo Fernando da Costa Lacerda, não apenas Paulo Lacerda, declarando expressamente, para todos os fins, que não tem e jamais teve valores ou bens no exterior, podendo afirmar que nunca realizou operação bancária fora do nosso país, não tendo enviado, depositado ou recebido recurso desta natureza, em qualquer época, sendo, portanto, uma fraude a existência de suposta conta bancária no estrangeiro.
Ademais, considera que a divulgação da matéria pela Revista VEJA revela não apenas conduta criminosa por parte dos autores da farsa, mas também denota má-fé do jornalista e absoluta irresponsabilidade do veículo de comunicação que deu publicidade aos fatos mentirosos."
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