O PFL desistiu de boicotar a presença de Severino Cavalcanti (PP-PE) na presidência da sessão em que será votado o processo de cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). A decisão foi anunciada na tarde desta segunda-feira pelo líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ).

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- Foi uma hipótese (o boicote), mas acho que não votar a cassação de Roberto Jefferson é pior. Além disso, durante a votação, a influência do presidente da Câmara é muito pequena. A sessão é secreta - disse Maia.

Mais cedo, aliados de Severino já começavam a articular um contra-ataque ao possível boicote. O quarto secretário da Câmara, deputado João Caldas (PL-AL), afirmou que a Mesa Diretora poderia descontar salários e até cassar deputados que faltarem a votações.

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- Ainda duvido que eles vão faltar mesmo. Se o fizerem, estarão descumprindo a Constituição e o regimento interno da Câmara. Portanto, ao não votar, eles deverão sofrer sanções administrativas como o desconto de salários - disse Caldas.

Rodrigo Maia, contudo, afirmou que não há uma decisão tomada sobre as demais votações. Segundo ele, a bancada do PFL na Câmara deverá se reunir entre terça e quarta-feira para discutir o assunto. O deputado também acha que são necessárias mais provas contra Severino:

- Precisamos que esse cheque apareça de forma urgente - disse Maia, referindo-se ao cheque no valor de R$ 7,5 mil que o comerciante Sebastião Buani disse ter dado a um motorista de Severino Cavancanti, quando ele ainda era primeiro-secretário da Câmara.

A ameaça de boicote a Severino teve início na semana em que surgiram as primeiras denúncias de recebimento de propina em troca da prorrogação do contrato de concessão do restaurante do anexo IV da Câmara. Na sexta-feira, os deputados Raul Jungmann (PE) e José Carlos Aleluia (PFL-BA) alegaram que Severino não deveria mais presidir sessões.

João Caldas argumenta que a obstrução ensaiada pelos oposicionistas não é legal. Segundo ele, esse instrumento só pode ser utilizado quando se tratar de matéria específica:

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- Quero ver o vice-presidente do PPS (Jugmann) e o líder do minoria (Aleluia) tirarem o povo deles do plenário. Eles sequer têm bancadas. Essa obstrução é completamente ilegal. Se eles faltarem a 12 votações, terão seus mandatos cassados - afirmou.

Questionado se considera ético Severino presidir votações mesmo acusado de corrupção, Caldas respondeu:

- Ética é uma coisa que depende do foco. Para uns, ética é uma coisa. Para outros, é outra.