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Brasília (Folhapress) – Para conter danos à imagem do partido, a Executiva Nacional do PFL decidiu ontem, por unanimidade, cancelar a filiação do deputado João Batista Ramos da Silva (SP), o que, na prática, representa sua expulsão da sigla. O deputado, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, foi surpreendido pela Polícia Federal transportando R$ 10,2 milhões em malas, num jatinho dentro do hangar da TAM em Brasília.

O deputado argumenta que o dinheiro é fruto do dízimo recolhido dos fiéis e que fora autorizado pela direção da igreja a carregar o montante para ser depositado em São Paulo.

Ele viajaria em um avião da igreja, com outras seis pessoas, mas o vôo foi abortado pela polícia, após uma denúncia anônima.

Após ouvir o deputado, na segunda-feira, a PF decidiu encaminhar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá sobre a instauração de inquérito para apurar se foram praticados os crimes de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

O dinheiro foi apreendido, e ontem a PF o encaminhou para o Banco Central. Vinte homens da Polícia Federal e quatro carros fizeram a escolta do dinheiro.

Um grupo de advogados que defendem a igreja tenta recuperar os valores por meio de um mandado de segurança no STF.

Reunida ontem em caráter emergencial, a Executiva pefelista optou pela saída do deputado. Cabe recurso à decisão na Convenção Nacional do partido. O deputado afirmou que não vai recorrer, mas que espera que o partido recue da punição.

Na resolução, a Executiva diz que João Batista "contrariou princípios básicos inerentes à atividade parlamentar e partidária".

"Não temos nenhuma razão em querer que nossos filiados pertençam a essa ou àquela igreja. Cada um escolhe a sua própria religião, mas implica que, na atividade parlamentar, a atividade religiosa não venha a criar conflitos com aquilo que pensa o partido", disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

"Assumimos nosso dever no que diz respeito ao ponto de vista político, já que o ponto de vista legal e moral foi assumido pela Universal", completou. A votação contra o deputado foi unânime (21 votos).

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