O PFL enfrenta no Paraná a maior resistência a uma aliança nacional com o PSDB e o PMDB. A declaração do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, sobre a possibilidade de uma coligação com os peemedebistas para fortalecer a campanha do candidato a presidente da República, Geraldo Alckmin (PSDB), foi repudiada pela bancada estadual e lideranças do Paraná.
Como os estados têm de repetir as alianças nacionais, a mistura colocaria no mesmo palanque no Paraná o governador Roberto Requião (PMDB) e seus adversários ferrenhos, que são os deputados estaduais e federais do PFL.
A hipótese é considerada absurda pelos pefelistas. "Não existe nenhuma chance de aliança", disse o o líder do PFL na Assembléia, deputado Plauto Miró Guimarães. "Se o PSDB e PMDB fecharem em Brasília, não vamos seguir o mesmo caminho aqui no Paraná."
O partido assumiu o compromisso de apoiar a candidatura ao governo do senador Osmar Dias (PDT). O plano B seria dar suporte a um candidato do PSDB. O PFL defende o nome do senador Álvaro Dias (PSDB).
Se nenhum dos irmãos concorrer ao governo do Paraná, o caminho deve ser uma aliança com o PPS de Rubens Bueno. "Só não podemos subir no mesmo palanque do governador Requião. Há três anos estamos fazendo oposição a ele e já fizemos inúmeras denúncias contra a atual administração", argumentou Plauto Miró.
As negociações das cúpulas dos três partidos em Brasília, no entanto, estão ocorrendo mesmo contrariando as preferências do PFL do Paraná. "Agora, o que se fala em nível nacional é de que é hora de sacrifícios e entendimentos para fortalecer a candidatura de Alckmin", diz o secretário-geral do Instituto Tancredo Neves, o ex-ministro da Saúde, Alceni Guerra. "Começou a costura do PSDB com PFL e PMDB para repetir a tríplice aliança, que na época chamamos de aliança democrática para eleger Tancredo Neves."
Durante jantar na segunda-feira com Bornhausen em Porto Alegre, Alceni Guerra disse que o presidente do partido confirmou que a possibilidade de aliança está colocada, mas ambos reconhecem que o projeto esbarra no Paraná. "É o estado mais complicado porque as posições são muito antagônicas em relação ao governo do estado. Há forte rejeição dos deputados, mas a discussão está aberta e vamos ver aonde chegamos", diz.
A direção nacional do PFL, segundo Alceni Guerra, teria força legal para impor a aliança no Paraná amparada pela regra da verticalização, mas a tática é levantar a discussão nos estados e tentar chegar a um consenso.
O presidente Bornhausen teria assegurado que não haverá imposição. Ainda que haja, o Paraná não pretende se curvar. "Seria mais fácil apoiar o PT do que o PMDB. Isso nunca vai acontecer", disse o secretário-geral do PFL do Paraná, Élio Rusch. "Nunca podemos nos coligar com alguém que sempre nos criticou".
O deputado lembra ainda que, mesmo com a verticalização, sempre existiram dissidências nos estados. Na campanha de 2002, relembra, o PSDB e o PMDB estavam coligados nacionalmente, mas eram adversários no Paraná. Seguindo esse raciocínio, prevê que muitas surpresas podem ocorrer até outubro.
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