O PFL reagiu às declarações do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de que a Polícia Federal vai investigar o uso de caixa dois por partidos políticos em 2006, podendo até ser usadas escutas telefônicas. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), divulgou nota, nesta sexta-feira, considerando as declarações como ameaça de interferência do governo Lula nos partidos políticos.

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"As declarações do ministro são totalitárias, arbitrárias, autoritárias e antidemocráticas", disse Bornhausen, lembrando que partidos políticos são, na forma da lei, fiscalizados pelo Tribunal Superior Eleitoral.

"Qualquer interferência externa significa ato servil de organismo público para atender interesses do presidente da República e do seu ministro", afirmou o presidente do PFL.

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Para o líder da minoria da Câmara dos Deputados, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), a notícia demonstra que o governo Lula quer reinstalar o estado de terror no Brasil. Para Aleluia, essa iniciativa revela "a intenção de montar um aparelho policial político, com o objetivo de patrulhar os adversários, durante a próxima campanha".

Segundo o líder da oposição, fica claro que o governo pretende passar à população a falsa imagem de que todos os partidos agem como o PT, o que, na visão do pefelista, sempre será uma tentativa estéril.

- Qualquer cidadão sabe que as modernas práticas subversivas, como caixa dois, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, são privilégios do partido que elegeu o presidente Lula - enfatizou.

Aleluia disse que também estranhou o fato de o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, fazer tais declarações neste momento, quando começa a esquentar a disputa pela Presidência da República.

- Tivemos um pleito no intervalo das eleições presidenciais, quando a promiscuidade das relações do PT com o PL, o PTB e o PP alcançou grande proporção, tornando-se incontrolável.

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Tão avassaladora, que nem mesmo os mecanismos internos de defesa do governo e o esforço dos seus aliados no Congresso foram capazes de deter. Não será agora, oficializando a patrulha política, que o presidente conseguirá conter os escândalos envolvendo a sua legenda.

O deputado afirmou que a participação da Polícia Federal no processo só poderá ocorrer, subordinada à jurisdição da Justiça Eleitoral.

- A esse organismo, cabe a fiscalização do pleito de forma isenta, enfatizou o deputado.

O jornal "O Globo" desta sexta-feira publicou uma entrevista com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, em que ele disse que reservou missão especial para a Polícia Federal nas eleições: combater o caixa dois, prática que está no centro da maior crise enfrentada pelo governo Lula até o momento. Bastos voltou a associar o caixa dois à corrupção, defendeu o aperto da fiscalização sobre os partidos e disse que os envolvidos no valerioduto serão punidos, independentemente da coloração partidária de cada um. Ele também criticou a partidarização das investigações das CPIs e disse que, mesmo com todos esses problemas, o presidente Lula será reeleito com impulso dos resultados na economia e os indicadores de melhoria na distribuição de renda.