O decepcionante resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que apresentou crescimento de apenas 0,6% em relação ao trimestre anterior, consolidou entre analistas a ideia de que o governo Dilma precisa destravar os investimentos se quiser acelerar o ritmo de crescimento do país. É uma avaliação consensual, mesmo entre profissionais de "escolas" econômicas diferentes. A questão é como alcançar esse objetivo.
Para alguns, o problema está na oferta da economia, estrangulada pelo conhecido e abominado "custo Brasil". Para outros, o desafio continua a ser a demanda, que precisa ser estimulada ainda mais para despertar o "espírito animal" dos empresários.
No terceiro trimestre, os investimentos no país, medidos pela chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caíram 2% na comparação com os três meses anteriores e 5,6% em relação ao mesmo período de 2011. Foi o quinto trimestre seguido de recuo no indicador.
Não à toa, o governo promete, já para esta semana, novas medidas para tentar estimular os investimentos. "Vamos continuar com a desoneração da folha de pagamentos em 2013", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, logo depois que os dados trimestrais foram divulgados.
Se as medidas se confirmarem, o governo repetirá parte da estratégia adotada com resultados modestos para acelerar a expansão: reduzir os custos, sobretudo da indústria, para permitir uma folga de recursos que possa ser destinada a investimentos.
Os especialistas, de forma geral, avaliam que o foco deve ser mesmo a indústria, que tem sofrido mais do que os serviços e o agronegócio nos últimos anos. "A produtividade da indústria caiu, em média, 1% ao ano entre 2001 e 2011, enquanto a mesma medida para o agronegócio mostrou expansão média de 3% e dos serviços, de 1,1%", nota José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "Estamos assistindo a um claro processo de desindustrialização do país", emenda Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e um dos principais conselheiros econômicos no governo Lula.
As razões da derrocada industrial passam pela valorização do real ante o dólar, concorrência chinesa, custo Brasil e crise global, que levou a uma superoferta de manufaturados.
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