A Promotoria de Investigações Criminais (PIC) de Curitiba tem até o fim do ano para desocupar o prédio onde está instalada. Ainda perdeu sete policiais militares que ajudavam nas investigações. A decisão é do governo do estado, dono do imóvel e que cedia os policiais para a promotoria. Há duas semanas o governo do estado solicitou que, até o fim de dezembro, o imóvel seja desocupado. Os sete policiais militares que servem ao órgão devem retornar às funções anteriores imediatamente.
A PIC é um setor do Ministério Público do Paraná (MP-PR) responsável por solucionar crimes e entre outros casos, entregou em setembro para a Justiça uma denúncia de interceptação ilegal de telefone, a mando de um policial funcionário da Casa Civil, Délcio Rasera.
A decisão do governo foi mantida em segredo até ontem. No último dia 14, o procurador-geral de Justiça, Milton Riquelme de Macedo, negou, por meio da assessoria de imprensa, que tivesse recebido algum comunicado oficial sobre o assunto. Ontem, o coordenador da PIC, Paulo Kessler, confirmou os pedidos. "Já estamos procurando um novo lugar, com mais segurança, melhor monitoramento e mais adequado", diz.
O ofício foi enviado em 9 de novembro, assinado pela secretária estadual da Administração e da Previdência, Maria Marta Lunardon, solicitando o imóvel ocupado pela PIC, no bairro Ahú. A casa estava cedida desde 2001 para o MP do Paraná, sem ônus, até dezembro deste ano.
Na última segunda-feira, a Promotoria recebeu um novo ofício, do Chefe do Estado Maior da Polícia Militar, coronel José Paulo Bettes, solicitando a apresentação junto à 2.ª Seção da PM dos sete policiais que atuavam na PIC.
O promotor Kessler não descarta a possibilidade de o governo ter agido em retaliação às investigações promovidas. "Não quero acreditar que seja uma retaliação, mas desconfia-se que seja, já que o próprio governador disse que haveria represálias".
Uma das críticas feita pelo governo aos promotores, é o suposto "vazamento" de informações sobre o caso Rasera para a imprensa. De acordo com o procurador, se o "despejo" foi por retaliação, não terá o efeito desejado.
Em nota enviada à imprensa, a PIC reafirmou ontem que o MP do Paraná é uma instituição permanente, que atua com autonomia e total independência. Ainda diz que a administração do MP-PR já está providenciando um novo espaço para instalar a Promotoria e sua equipe.
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