Os pilotos norte-americanos Joe Lepore e Jan Paladino estão se recusando a depor à Comissão de Investigação da Aeronáutica sobre o choque entre o Legagy que comandavam e o Boeing da Gol, em setembro do ano passado. O acidente deixou 154 mortos. Os controladores de vôo que trabalharam no dia do acidente também não querem dar esclarecimentos, já prestados em depoimento à Polícia Federal. Diante das dificuldades, a Aeronáutica admite a possibilidade de não concluir as investigações até setembro, como previsto inicialmente.
No domingo (18), reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" publicou transcrições das conversas dos pilotos e das torres que estão nas mãos da Polícia Federal. As gravações mostram que Lepore e Paladino tiveram problemas com a aeronave, com o mapa aeronáutico, com o rádio e com o inglês dos controladores de vôo. A torre de controle, por sua vez, não informou corretamente as alterações de altitude que o Legacy deveria ter feito durante o trajeto.
Com base nos resultados das investigações feitas até agora, a Aeronáutica pretende instalar um tipo de alarme sonoro e visual nas telas dos radares dos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas) para alertar aos controladores de vôo em caso de desaparecimento do número do transponder que identifica um avião. A Força Aérea avalia que o equipamento poderia ter evitado a tragédia.
Outra medida adotada pela FAB foi matricular controladores em cursos de inglês. Falhas na comunicação também podem ter contribuído para o acidente com o Boeing da Gol.
O acidente
O acidente com o Boeing da Gol aconteceu em 29 de setembro do ano passado. Após o choque no ar, o avião caiu em área de mata fechada no Norte de Mato Grosso, matando as 154 pessoas que estavam a bordo. Às 16h48, a Aeronáutica perdeu o contato por radar com o Boeing, que fazia o vôo 1907 entre Manaus e Rio de Janeiro. O Legacy conseguiu pousar na base aérea da Serra do Cachimbo, no Sul do Pará. Os sete ocupantes do jato não ficaram feridos.
As buscas duraram 49 dias, quando cerca de 900 pessoas, entre militares e civis, vasculharam aproximadamente 20 quilômetros quadrados de mata fechada. Apenas em 21 de novembro o Instituto de Medicina Legal de Brasília identificou a última vítima do acidente.
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