O primeiro dia deste ano de chuva forte e intermitente na capital paulista provocou o fechamento da pista principal do Aeroporto de Congonhas por cinco vezes. Foram pelo menos três horas de interrupção de vôos, por causa do risco de derrapagem dos aviões sempre que a lâmina d'água supera 3 mm. A medida de segurança ameaça transformar a vida dos usuários do aeroporto num inferno em dias de chuva. O último fechamento até agora, iniciado às 17h40m, durou uma hora e vinte minutos. Doze vôos tiveram de pousar em Guarulhos e pelo menos um em Viracopos, em Campinas.

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Os vôos saíram com atraso praticamente o dia todo. À tarde, mais de 50 vôos atrasaram para pousar ou decolar. Pela manhã, passageiros tiveram de esperar cerca de 4 horas. Muitos aguardaram dentro das aeronaves, que ficaram paradas no pátio à espera de autorização para decolar. Um avião que chegava teve de arremeter porque encontrou a pista fechada.

Na noite de quarta-feira o aeroporto já tinha sido fechado por duas vezes. Nesta quinta, o problema começou logo cedo. Foram 43 minutos de parada entre 6h40m e 9h50m, com três interdições entre 14 e 15 minutos (6h40m, 7h56m e 9h36m). A quarta interdição durou uma hora, das 11h35m às 12h35m. No início da noite, a pista voltou a ser fechada.

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São Paulo teve volume recorde de chuva e sofreu com enchentes e alagamentos de ruas. Para piorar a vida dos passageiros, uma galeria da Sabesp afundou na Avenida Washington Luiz, bem em frente ao aeroporto, e uma faixa da via está interditada.

A situação de Congonhas preocupa e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)

Garantir a operação de Congonhas é crucial para o trárfego aéreo nacional, já que o aeroporto concentra 80% dos vôos do país.A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou um plano de emergência para o carnaval, quando é esperado um aumento de 15% nos vôos. Quinze aeroportos serão monitorados.

O assunto Congonhas ficou fora. Foram seis interdições em menos de 24 horas. Na noite de quarta-feira, também por conta da chuva, os aviões não puderam pousar entre 20h10m e 21h35m e entre 22h36m e 23h54m. Quando reabriu, Congonhas operou até 1h da madrugada. Houve transtorno para os passageiros. Vinte e sete vôos tiveram de ser transferidos de Congonhas para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.

A pista principal de Congonhas é antiga e precisa passar por reformas. Por medida de segurança, a Infraero e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiram interditar a pista sempre que o acúmulo de água for superior a 3 milímetros. A pista sofre com um processo de emborrachamento do asfalto. Pelo menos quatro aeronaves já derraparam na pista por causa do acúmulo de água em menos de um ano.

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Na quarta-feira, a Anac conseguiu cassar uma liminar que impedia pousos e decolagens de três tipos de aeronaves na pista principal de Congonhas - Fokker 100 e Boeing 737-700 e Boeing 737-800. A liminar havia sido concedida pela 22 Vara Federal de São Paulo. O juiz Antonio Cedenho, do Tribunal Regional Federal de São Paulo, manteve, no entanto, a obrigatoriedade de fechamento da pista principal do aeroporto sempre que houver chuva moderada ou forte (precipitação entre 3mm e 10mm de água). Desde dezembro passado, a pista é fechada sempre que a lâmina de água sobre ela alcança 3mm. A sorte foi que em janeiro as chuvas ficaram abaixo da média na capital paulista, embora tenham batido recordes no interior do estado. A tendência, a partir de agora, é de as chuvas aumentarem na cidade.

A Ocean Air, que tem metade da frota formada por Fokker 100, ameaçou fechar as portas caso tivesse de transferir seus vôos para os aeroportos de Guarulhos ou Viracopos, em Campinas. Se a decisão de primeira instância fosse mantida, pelo menos 30% dos vôos seriam afetados. Congonhas tem uma pista auxiliar que poderia ser usada, mas ela é mais curta e as aeronaves têm de ser mais leves para operar nela.

O Ministério Público Federal entrou com uma ação pedindo o fechamento imediato de Congonhas para reforma da pista, que ainda não foi julgada.