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Brasília (Folhapress) – Dizendo-se "usado", o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato afirmou ontem à CPI dos Correios que não sabia que os pacotes que mandou buscar no Banco Rural para o PT, a pedido do publicitário Marcos Valério de Souza, continham dinheiro. Nos envelopes havia R$ 326 mil. Ele não convenceu os integrantes da CPI.

Pizzolato voltou a insinuar que o então ministro Luiz Gushiken (Secom) interferia nas decisões de investimento da Previ, o fundo de pensão do BB. Parlamentares suspeitam que fundos de previdência sejam uma das origens dos recursos para o caixa 2 do PT. Gushiken nega qualquer ingerência.

O ex-diretor apareceu na atual crise quando o auxiliar da Previ Luiz Eduardo da Silva surgiu na lista de sacadores das contas de Marcos Valério. Ele disse que entregou o dinheiro para Pizzolato.

Segundo o ex-diretor do banco, ele recebeu um telefonema em janeiro de 2004 de uma funcionária da DNA, agência de Marcos Valério que tem contrato com o BB, pedindo que ele buscasse "documentos" no Rio, onde mora.

Pizzolato disse que não conhece a pessoa do partido que pegou os dois pacotes em sua casa. A versão de Pizzolato tem contradições com o depoimento do auxiliar à PF. O ex-diretor afirmou que não sabia que o endereço dado pela funcionária da DNA era do Banco Rural. Já Luiz Eduardo disse que Pizzolato pediu, ao telefone, que ele fosse à agência e deu o nome da pessoa que deveria procurar.

Ex-presidente do Conselho Deliberativo da Previ, Pizzolato disse que o presidente do fundo, Sérgio Rosa, era influenciado por Gushiken. "Ele disse que estava sofrendo muita pressão política e não sabia se ia suportar. Ele foi muito lacônico", disse Pizzolato.

A declaração teria sido dada quando o então presidente do conselho cobrou explicações de Rosa sobre a opção da Previ de manter representantes na Brasil Telecom e não na Telemar. A decisão contrariava estudo feito por técnicos do fundo segundo os quais os ativos da Telemar valiam mais.

Segundo Pizzolato, foi convocada uma reunião do conselho em Brasília com Rosa, mas o encontro teve de ser remarcado porque ele estava reunido com Gushiken.

"O presidente da Previ pediu para que aguardássemos porque estava com Gushiken e iria ao (ministro Antônio) Palocci."

Afirmou que eram comuns reuniões "não-oficiais" entre Gushiken e Rosa.

Jorge Bittar (PT-RJ) questionou Pizzolato sobre o motivo de só agora fazer acusações contra a diretoria da Previ. Pressionado por César Borges (PFL-BA), primeiro Pizzolato hesitou em confirmar declaração sobre interesses vinculados a campanhas, mas depois confirmou que Rosa teria lhe dito que as pressões que sofria tinham essa finalidade.

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