Entre as dezenas de CPIs instaladas no Congresso nos últimos 15 anos, algumas ficaram marcadas ou por seus resultados positivos, ou por sua total ineficiência.
1988 CPI da Corrupção
Como foi Para quem acha que o mensalão é novidade, é só lembrar da CPI que investigou o governo de José Sarney em 1988, mesmo antes de se ser totalmente regulamentada pela nova Constituição. O secretário particular do presidente, Jorge Murad, foi acusado de repassar recursos a estados e municípios em troca de apoio político.
ResultadoNum prelúdio do que pode acontecer este ano com as atuais comissões, a CPI foi arquivada por falta de provas.
Pizza completa: a CPI terminou exatamente como começou.
1992 CPI sobre o Esquema PC
Como foi A mais festejada de todas. Investigou as suspeitas de tráfico de influências de Paulo César Farias, assessor do ex-presidente Fernando Collor de Mello, denunciado pelo próprio irmão, Pedro Collor.
ResultadoAs investigações revelaram favorecimentos de empresas em obras públicas e venda de favores, que embasaram o processo contra Collor, culminando no impeachment do presidente, mesmo após sua desesperada tentativa de renúncia.
A CPI conseguiu cumprir totalmente seu objetivo.
1993 CPI dos Anões do Orçamento
Como foi Dezoito parlamentares foram acusados de receber propina para privilegiar empreiteiras em emendas ao orçamento federal, todos com uma característica em comum: a baixa estatura. Por isso o grupo começou a ser chamado de "anões do orçamento", que foram alvos de uma CPI.
ResultadoSeis parlamentares foram foram cassados, quatro renunciaram antes do julgamento e oito acabaram absolvidos na Câmara.
As investigações foram fundo, mas teve gente que escapou.
1996 CPI dos Precatórios
Como foi Os parlamentares conseguiram investigar mais de 50 pessoas entre elas o então prefeito de São Paulo Celso Pitta acusadas de envolvimento num esquema de fraude na emissão de títulos públicos, processo que notabilizou o termo "precatórios" no país.
ResultadoComo resultado, 24 das 161 instituções financeiras investigadas fecharam suas portas. A CPI recebeu seu carimbo de "pizza" por ter votado dois relatórios: um original e, em seguida, outro versão "light", excluindo nomes de vários dos envolvidos, justamente os mais importantes.
A influência política se sobrepôs às investigações.
1999 CPI do Judiciário
Como foi A CPI conseguiu identificar fraudes no sistema judiciário, revelando um dos ícones da corrupção no país: o juiz Nicolau dos Santos Neto, que entrou para a história como "juiz Lalau". Foi provado o envolvimento dele com superfaturamento de uma obra do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
ResultadoO juiz Lalau virou símbolo, foi condenado e continua preso, sem poder desfrutar sua milionária casa em Miami, com as torneiras de ouro que ficaram famosas. Mas ficou nisso.
Houve resultados, mas menos do que o esperado.
1999 CPI do Narcotráfico
Como foi A CPI teve o mérito de mapear parte do crime organizado no país, investigando relações entre traficantes, policiais, juízes e políticos. Mais de 800 pessoas em 22 estados foram indiciadas. Entre os 68 suspeitos mais influentes, porem, apenas 30% foram punidos.
ResultadoDe 23 deputados acusados, só cinco foram cassados. Dos 21 juízes acusados de favorecer traficantes, somente dois foram punidos.
"Mezza pizza": apenas um ou outro foi responsabilizado.
2000 CPI do Futebol
Como foi Foi a primeira grande investigação no mundo do futebol, controlado pelos "cartolas". A comissão analisou suspeitas de sonegação de impostos, contribuições previdenciárias e irregularidades em contratos com patrocinadores e na venda de jogadores para o exterior.
ResultadoO curioso da CPI foi a participação de deputados ligados a times, com a figura mítica de Eurico Miranda como exemplo maior. Fazendo jus à origem futebolística do termo "terminar em pizza", a CPI teve poucos resultados concretos.
Pizza completa: a CPI terminou exatamente como começou.
2003 CPI do Banestado
Como foi A comissão que colocou o Paraná na "elite" das investigações nacionais, a CPI investigou remessas ilegais de mais de R$ 30 bilhões por meio das contas CC-5 do Banco do Estado do Paraná. A CPI marcou o recorde de 1.600 quebras de sigilo fiscal e bancário.
ResultadoMesmo sem ter seu relatório final aprovado por causa de disputas políticas, a CPI alimentou o Ministério Público com informações que contribuíram para que 462 pessoas fossem denunciadas, das quais 23 já foram condenadas, inclusive os doleiros Alberto Yussef e Toninho da Barcelona.
As investigações foram fundo, mas teve gente que escapou.
As classificações são meramente ilustrativas, sem qualquer valor científico ou histórico.
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