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 | Henry Milleo/Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Escalado pela presidente Dilma Rousseff para rebater o áudio do vice Michel Temer em que prega um governo de salvação, o ministro-chefe do gabinete pessoal de Dilma, Jacques Wagner, disse que, passada a votação do impeachment na Câmara e Dilma permanecendo no poder, o vice deveria renunciar ao cargo para ser coerente com sua atitude golpista. Num tom que nunca havia antes adotado em relação ao vice, Wagner disse que conspiradores não merecem educação. Segundo o ministro, Dilma ficou “perplexa” e recebeu com tristeza o discurso feito por Temer.

“[A fala de Temer] rasga uma fantasia de patrocinador e maior beneficiário neste golpe. Pode ficar desmentido no domingo e um pouco sem saída e deveria renunciar depois de assumir a conspiração. O clima é insustentável. Se quebra qualquer respeito pela liturgia. Não há educação para conspiradores que não tem nenhum código de ética. Fez esse discurso com a faixa presidencial na frente do espelho. Confundiu o processo de impeachment com uma tentativa de eleição indireta. Acho muito feio. A presidente Dilma ouviu e ficou perplexa. Acho muito ruim e uma atitude deplorável. Produziu o que pode ser o tiro de misericórdia’, disse Wagner, minutos após o governo ser derrotado na Comissão de impeachment na Câmara.

O ministro disse ainda que, caso o governo vença a votação no plenário da Câmara, Temer ficará “sem saída” e ironizou o discurso do vice. “Imagino que ele possa ter feito aquela declaração vestido com a faixa presidencial na frente do espelho”, disse Wagner.

Braço direito da presidente Dilma, o ministro levantou dúvidas sobre o vazamento do áudio de Temer ter sido por engano, como justificou o vice, e alegou que o episódio pode significar um “tiro de misericórdia no impeachment”. A estratégia dividiu opiniões. Para a oposição, o discurso de Temer tem conteúdo positivo e ajudará no clima pró-impeachment. Os aliados do governo sustentam que reforça a tese do golpe.

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