O governo Dilma Rousseff decidiu entrar em campo para sufocar a mais nova rebelião da base aliada na Câmara dos Deputados. O Palácio do Planalto escalou o vice-presidente, Michel Temer, para barrar a criação da CPI da Petrobras antes de ela ser instalada. Na próxima segunda-feira,o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), convocará uma reunião com as lideranças partidárias com o mesmo objetivo.
Chinaglia deu ontem o tom do recado do Planalto: qualquer tentativa de aliados de pressionar o Executivo com o pedido de criação da CPI não vai prosperar. "Se a orientação é botar pressão em cima do governo, não surtirá nenhum efeito", disse. "CPI é um instrumento de minoria e você não vê base de governo fazer CPI em nenhum lugar do planeta", completou.
Dos 199 deputados que apoiaram a criação da comissão, 120 são da base aliada. O PMDB foi o partido com maior número de assinaturas, 52, numa bancada de 82 deputados. Pelas regras da Câmara, como o pedido de abertura da CPI já foi apresentado na Mesa Diretora, não há mais possibilidade de se retirar as assinaturas. O Planalto vai trabalhar para impedir sua instalação.
Para asfixiá-la no nascedouro, o governo terá de convencer pelo menos 100 deputados, segundo o regimento da Casa, a assinar outro requerimento em que pede o fim da comissão de inquérito. O Executivo tem a seu favor o fato de que há 14 pedidos de criação de CPI na fila, dos quais no máximo seis devem vingar porque têm fato determinado. A última delas é a da Petrobras.
Presidente de honra do PMDB, Michel Temer tentará demover aliados de levar adiante a investigação parlamentar que tem por objetivo apurar a venda de ativos da estatal no exterior. A reportagem apurou que alguns deputados da base receberam ontem ligações da Secretaria de Relações Institucionais perguntando se tinham assinado a CPI. A ideia dos aliados é que, mesmo com remotas chances de vingar, anular logo a criação da CPI é uma questão de honra contra os rebeldes da Câmara.