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Eduardo Braga: “O PR quer participar do governo? Quer. Tanto é que a Câmara não se posicionou [sobre a decisão de migrar para a oposição]” | Antônio Cruz/ABr
Eduardo Braga: “O PR quer participar do governo? Quer. Tanto é que a Câmara não se posicionou [sobre a decisão de migrar para a oposição]”| Foto: Antônio Cruz/ABr

Estados

Líder articula redução das dívidas

Agência Estado

Além da missão de pacificar a insatisfeita base aliada, o recém-eleito líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), entrou de cabeça na negociação política para mudar o índice que corrige a dívida dos estados e municípios com a União. Braga já se reuniu para tratar do assunto com a presidente Dilma Rousseff e com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Na segunda-feira, ele deve se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir as propostas que estão à mesa.

Por ora, Braga e Mantega têm defendido posições diferentes. O líder do governo defende a troca do indexador, o IGP-DI acrescido de 6% a 9% de juros por ano, para o IPCA acrescido de 2%. Na audiência publicada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na terça-feira, quando falou sobre os rumos da economia brasileira este ano, Mantega sugeriu a adoção da taxa básica de juros da economia, a Selic, como fator de correção.

O líder do governo afirmou que a adoção do IPCA mais 2% é a "melhor solução". Mas quer ouvir Mantega. "No mercado, a taxa Selic só serve para a captação de recursos de títulos do governo. O mercado está praticando, dependendo da análise de crédito de cada estado, às vezes, juros até menores do que a taxa Selic", disse.

Ex-governador de Amazonas, Braga apresentou em junho passado um projeto de lei com a mudança do indexador para o IPCA mais 2% no Senado. Na justificativa da proposta, ele argumenta que, se o novo fator de correção já tivesse sido adotado, o montante da dívida acumulada entre 1998 até o final de 2004 estaria 24% menor. Os estados teriam disponíveis R$ 74,4 bilhões para investimento.

O Planalto iniciou ontem negociações para que o PR volte à base aliada no Senado, depois que os sete senadores da legenda decidiram migrar para a oposição. No governo, a avaliação interna é de que o movimento do PR é uma tentativa de colocar a presidente Dilma Rousseff contra a parede, obrigando-a aceitar sem contestação os nomes indicados pelo partido para ocupar o Ministério dos Transportes. O Planalto, porém, não acredita que a legenda esteja realmente disposta a ficar na oposição – tanto que os deputados do PR não seguiram o mesmo caminho e, oficialmente, são "independentes" e não oposicionistas.

"O PR quer participar do governo? Quer. Tanto é que a Câmara não se posicionou", disse ontem o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM). "É público que a presidenta da República convidou o Blairo [Maggi, senador do PR de Mato Grosso] para ser mi­­nistro [dos Transportes]. Eu fiz todos os esforços, tentei tudo para que isso caminhasse. Aí, sou atropelado por isso aqui [a migração do PR para a oposição] e aí fica uma situação esquisita."

Braga pediu ontem que o PR reveja sua decisão de rompimento com o Planalto, após participar de uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, na noite de quarta-feira. Braga também se reuniu com Maggi para demovê-lo da ideia de levar o partido para a oposição.

Nos bastidores, porém, o que se especula é que o próprio Braga seria um empecilho para que os senadores do PR reconsiderem sua posição. A escolha de Braga como líder do governo, nesta semana, teria desagradado o senador Alfredo Nas­­­ci­­mento, presidente nacional do PR, e adversário do colega de Senado no Amazonas.

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é outro problema de interlocução do PR com o Planalto. A decisão do partido de migrar para a oposição saiu na quarta-feira, quando ela não aceitou os nomes indicados pelo PR para o Ministério dos Transportes. Em contrapartida, ela teria oferecido à legenda o comando de duas estatais não reveladas. O partido não aceitou e se rebelou.

O líder do governo no Senado evitou criticar diretamente a atuação da ministra no caso. Braga disse que não gosta de "fulanizar" essas questões e "responsabilizar o elo mais fraco da corrente". "Coitada da Ideli. A Ideli não tinha, naquele momento, como estabelecer [um diálogo] maior do que ela estava fazendo", disse o líder. Para Braga, o líder do PR deveria ter conversado com a liderança do governo, antes de anunciar publicamente a migração para a oposição.

Ala do PT vira foco de problema

Da Redação

O mais novo problema do Planalto com a base aliada no Congresso pode estar em uma ala do PT insatisfeita com a destituição de Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança do governo na Câmara. O jornal Folha de S.Paulo noticiou ontem que pelo menos 30 dos 85 deputados federais do partido se reuniram para fazer um desagravo a Vaccarezza, que foi substituído por Arlindo Chinaglia (PT-SP) no cargo. A reunião, segundo o jornal, ocorreu na casa do deputado Vander Loubet (PT-MS).

"Estavam todos com a faca nos dentes e pintados para a guerra", disse um petista, segundo relato da Folha de S.Paulo. Ainda de acordo com a reportagem, Chinaglia será boicotado pelo grupo. E isso poderá ter implicações em votações importantes para o governo, como a do Código Florestal.

Vaccarezza foi substituído mais para acalmar o PMDB do que porque Dilma estaria insatisfeita com o desempenho dele na liderança do governo. Como a presidente destituiu o então líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o governo avaliou que poderia melindrar os peemedebistas se não houvesse mudanças num cargo ocupado por petistas. O PMDB reclama justamente do tratamento privilegiado que o PT recebe de Dilma.

Jucá não conseguiu evitar, na semana passada, a derrota do governo no Senado na indicação de Bernardo Figueiredo para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Ele então foi substituído por Eduardo Braga (PMDB-AM).

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