Os protestos de domingo (15) contra a presidente Dilma Rousseff preocuparam o Palácio do Planalto. Embora haja dentro do governo quem ache que os números de manifestantes nas ruas tenha sido inflado pelas Polícias Militares de estados governados pela oposição, as imagens não deixaram dúvida: a situação é grave para Dilma. A reação foi convocar uma entrevista coletiva, conduzida pelos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (da Secretaria-Geral da Presidência), para dar uma resposta à população. O governo anunciou que vai enviar ao Congresso um pacote de leis para coibir a corrupção (uma das insatisfações da população). Também prometeu acelerar a reforma política. As duas medidas já haviam sido anunciadas por Dilma em junho de 2013, no auge das manifestações daquele ano, e no discurso da reeleição, em outubro do ano passado.
Cardozo disse que é preciso mudar o sistema político para fechar as portas à corrupção no país. Ele classificou o sistema político brasileiro de anacrônico e afirmou que é preciso acabar com o financiamento empresarial aos partidos nas eleições. “Nos parece indiscutível [a necessidade de uma reforma política], na atual conjuntura, para uma necessária mudança do sistema político eleitoral anacrônico que ainda temos”, afirmou.
Quem foi eleito por quase 55 milhões de votos e tem claro compromisso com a democracia não passa por fragilização.
Os dois ministros também afirmaram que o governo ouve as vozes das ruas e está aberto ao diálogo com a sociedade para construir as mudanças necessárias. “Não há democracia sem diálogo”, disse Cardozo. Ambos também classificaram os protestos como democráticos, com poucos incidentes, dentro dos padrões de legalidade e no mais absoluto respeito à ordem. Para eles, as manifestações confirmam que o Brasil vive um estado democrático, que admite a divergência e que está muito longe de qualquer alternativa golpista. “Um país que demorou tantos anos para conquistar a sua democracia e tem hoje os princípios democráticos confirmados na Constituição. As manifestações revelaram isso”, afirmou Cardozo.
Apesar de reconhecer a legitimidade das manifestações, Rossetto fez questão de frisar, mais de uma vez, que elas foram tomadas por pessoas que não votaram em Dilma. “Das manifestações, majoritariamente participaram setores críticos que não votaram na presidente”, afirmou. Segundo ele, protestos contrários são legítimas o que não é aceitável é o golpismo, a intolerância e o impeachment infundado.
Cardozo também negou que o governo esteja fragilizado. “Quem foi eleito por quase 55 milhões de votos e tem claro compromisso com a democracia não passa por fragilização. Quem sabe conviver com manifestações contrárias não tem fragilização”, afirmou