Aliados da presidente da República Dilma Rousseff vão concentrar esforços para evitar o desmantelamento da base de sustentação do governo federal na Câmara dos Deputados.
A preocupação existe porque, embora a base aliada já esteja fragmentada desde o início do segundo mandato da presidente Dilma, o Planalto calcula agora que os recentes capítulos da Operação Lava Jato podem aumentar as rachaduras, com potencial para interferir no resultado do processo de impeachment em curso na Casa.
Oficialmente, a bancada de oposição, encabeçada por PSDB, DEM, SD e PPS, é minoritária na Casa e, sozinha, não tem votos suficientes para aprovar um impeachment. Mas, desde a deflagração do processo de destituição da presidente Dilma, em dezembro do ano passado, opositores contam com o apoio aberto de rebeldes da base aliada.
Com os últimos desdobramentos da Lava Jato, dissidentes agora têm pressionado seus líderes para que os partidos saiam oficialmente da bancada de sustentação.
O PSB, legenda que na prática já adotava a linha oposicionista, mas que oficialmente se declarava “independente”, foi o primeiro a registrar migração para a bancada de oposição. O líder do PSB, Fernando Coelho Filho (PE), anunciou a mudança na última sexta-feira (4), aproveitando o intenso desgaste do Planalto – com a deflagração de uma operação da Lava Jato com foco no ex-presidente Lula e o reaquecimento do impeachment na Câmara dos Deputados a partir da suposta delação de Delcídio do Amaral. A bancada do PSB tem mais de 30 parlamentares.
Com a maior bancada da Câmara dos Deputados, o PMDB também voltou a ser disputado pelo Planalto e por opositores. A possibilidade de desembarque da gestão Dilma será discutida no próximo sábado (12), quando os peemedebistas se reúnem em convenção nacional para reconduzir Michel Temer à presidência da sigla.
Outros partidos foram afetados com os desdobramentos da Lava Jato. Nos bastidores, corre que os debates internos em pelo menos três siglas – PP, PRB e PDT – ficaram mais acirrados nesta semana. Os partidos pertencem à base aliada e preocupam o Planalto pelo número de parlamentares filiados. Juntas, as três bancadas têm mais de 80 parlamentares.
Embora o cenário hoje seja outro, a eleição em dezembro do ano passado para definir os integrantes da comissão especial do impeachment ainda tem sido usada como referência por políticos para esboçar o mapa de votos na Casa.
Naquela ocasião, a chamada “chapa alternativa”, criada por defensores do impeachment, receberam 272 votos, vencendo a “chapa oficial”, que obteve 199 votos. Cerca de 40 parlamentares estavam ausentes naquela votação.
Para que o plenário da Câmara dos Deputados aprove a cassação da presidente Dilma – autorizando o envio do caso para análise do Senado –, são necessários 342 votos. Ou seja, 70 a mais do que o número de votos obtidos pela chapa lançada pela oposição.
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