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Rui Falcão: “O PT não compactua com isso” | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Rui Falcão: “O PT não compactua com isso”| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Porto Seguro

Comissão de Ética pede esclarecimentos e Alvaro propõe CPI da Rosemary

A Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu ontem, por unanimidade, pedir informações a quatro dos indiciados na Operação Porto Seguro, além de cópia integral da investigação sobre corrupção e tráfico de influência dentro governo federal. Terão de prestar esclarecimentos, em dez dias, os irmãos Rubens e Paulo Vieira, diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Agência Nacional de Águas (ANA), respectivamente; José Weber Holanda, ex-número dois da Advocacia-Geral da União; e a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha. Já o líder do PSDB, o senador Alvaro Dias (PR) informou que vai sugerir à bancada tucana no Senado a criação de CPI para apurar o esquema.

Direção partidária

Tráfico de influência é "exceção" no PT, diz presidente da sigla

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou ontem que o escândalo envolvendo Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, é uma exceção. "São exceções que têm ocorrido no PT que não envolvem nossa estrutura partidária", disse Falcão. "Lamentamos que alguém que estava num posto de representação federal possa ter cometido os fatos revelados pela imprensa a partir da investigação da Polícia Federal. O PT não compactua com isso." Rosemary Noronha é suspeita de tráfico de influência e de intermediar pedidos e benefícios a familiares.

Às vésperas do lançamento da nova regulamentação para o sistema portuário com o objetivo de atrair mais investimentos para o setor, o Planalto busca desvincular a elaboração do programa do escândalo deflagrado pela Operação Porto Seguro. Mas as investigações da Polícia Federal sobre tráfico de influência e venda de pareceres lançaram suspeita sobre o programa de investimentos que a presidente Dilma Rousseff pretende lançar na quinta-feira, com valores que podem chegar a R$ 40 bilhões.

Reportagem de ontem do jornal O Globo revelou que o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da Secretaria Especial de Portos (SEP), Rogério de Abreu Menescal, teve envolvimento com acusados pela Polícia Federal, embora ele próprio não seja investigado. Menescal participou da elaboração do programa de investimentos nos portos.

Segundo o jornal, Menescal recebeu na sede do ministério o então diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Rodrigues Vieira – um dos investigados na Operação Porto Seguro. Vieira deixou claro estar na reunião a pedido do ex-senador Gilberto Miranda (PMDB-AM). O encontro entre Menescal e Vieira, em 24 de abril deste ano, é descrito na parte do inquérito da PF dedicada às supostas intermediações feitas pelo ex-diretor da ANA para favorecer a instalação de um terminal portuário de uso privativo pertencente a Miranda no Porto de Santos (SP).

Menescal informou à reportagem de O Globo que o motivo do pedido de audiência de Vieira foi revelado apenas durante a reunião: o empreendimento de Miranda.

Depois do encontro, Menescal participou no Palácio do Planalto de pelo menos nove reuniões com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para discutir a elaboração do programa de investimentos dos portos. Segundo a agenda de Gleisi, em apenas duas das nove reuniões Menescal foi como acompanhante do ministro da SEP, Leônidas Cristino. Nas demais, ele representava a pasta.

Também o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, esteve em três dessas reuniões. Com a deflagração da Operação Porto Seguro, Adams negou qualquer participação do então advogado-geral adjunto, José Weber Holanda Alves, indiciado pela PF, na elaboração do programa de portos.

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