O Palácio do Planalto trabalha para emplacar um aliado na vaga do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge, que se aposenta no próximo dia 18, ao completar 70 anos. A indicação de um substituto de perfil amigável é considerada estratégica pelo governo, pois o novo ocupante da cadeira herdará a relatoria dos processos de investigação da Petrobras, entre eles o que avalia prejuízos na compra da refinaria de Pasadena (EUA).
A apuração sobre Pasadena tem potencial para causar mais danos políticos à presidente Dilma Rousseff, que presidia o Conselho de Administração da Petrobras na época da aquisição, iniciada em 2006.
Egresso da oposição no Senado, José Jorge tomou posse no TCU em 2009 e é considerado pelos aliados da presidente um ministro rigoroso no julgamento de casos delicados para o governo. Como relator, foi dele o voto − seguido pela maioria do plenário pelo bloqueio dos bens de 11 executivos da Petrobras por dano ao erário de US$ 792 milhões na aquisição da refinaria americana. A tomada de contas especial sobre o caso, ainda em curso, poderá implicar futuramente conselheiros de administração da companhia que deram aval ao negócio, entre eles a própria presidente. Inicialmente, a Corte os excluiu da lista de responsáveis.
Especulações
O substituto de José Jorge tem de ser indicado pelo Senado, pelo critério definido na Constituição. Não há a exigência de que o aprovado seja político, mas, tradicionalmente, os escolhidos são senadores, ex-senadores ou servidores apadrinhados pelas maiores bancadas da Casa.
Os partidos aliados ainda não discutiram a questão oficialmente, mas já lançam alguns nomes nos bastidores. Despontam políticos sem mandato e derrotados nestas eleições. Segundo fontes do governo, o Planalto é simpático à indicação da ex-senadora e atual ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti (PT-SC). A petista, porém, enfrenta resistência das principais legendas, principalmente por causa do desgaste no papel de negociadora do governo quando ministra das Relações Institucionais.
Outra opção é a senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR), que perdeu as eleições para o governo do Paraná e voltou ao Congresso. Na Casa Civil, coube a ela tratar de alguns dos principais interesses do governo no TCU, entre eles a aprovação de concessões.
Outro nome é o do senador Vital do Rêgo (PB), que preside as duas CPIs da Petrobras e é um dos peemedebistas mais alinhados com o Planalto no Congresso.
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