O governo federal buscou ontem se distanciar da polêmica criada pela suspeita de que o ex-presidente Lula fez lobby no Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar o julgamento do mensalão para depois das eleições deste ano. Diante do tom mais agressivo do ministro do STF Gilmar Mendes na disputa verbal com o Lula, o Palácio do Planalto amanheceu o dia de ontem preocupado em negar que exista risco de uma crise institucional entre poderes.
Por meio de nota oficial, a presidente Dilma Rousseff negou também que tenha tratado do encontro entre Gilmar e Lula na audiência que teve na tarde de anteontem com o presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reforçou o coro e negou que haja qualquer tipo de crise entre o governo Dilma e o Judiciário.
Lula, por sua vez, evitou aparecer ao lado da presidente. Como já estava programado antes mesmo da polêmica, ele foi homenageado por Dilma durante a cerimônia de entrega do Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), ocorrida ontem. Mas Lula não compareceu ao evento, embora tenha se encontrado com a presidente depois, no Palácio da Alvorada.
Estratégia petista
Além de evitar aparecer ao lado de Dilma, Lula ontem também se esquivou da imprensa no 5.º Fórum Ministerial de Desenvolvimento, evento do qual participou. Embora não tenha dado declarações sobre a suposta pressão para adiar o julgamento do mensalão, Lula alfinetou quem o critica. "Vou falar em pé senão podem dizer que estou doente, para evitar esses dissabores. Vocês sabem que eu tenho muita gente que gosta e alguns que não gostam [de mim]. Então, eu tenho que tomar cuidado contra esses daí que são minoria e estão aí no pedaço", disse o ex-presidente logo no início da sua fala. Lula discursou sobre a crise econômica e criticou a imprensa por não enxergar os feitos do governo Dilma.
Se a estratégia do Planalto é evitar o caso e a de Lula não falar sobre o assunto, o PT já decidiu que irá defender o ex-presidente. O encontro do PT paulista, que irá confirmar no sábado Fernando Haddad como candidato petista à sucessão da prefeitura de São Paulo, deve servir também de palanque para manifestações de desagravo a Lula.
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