As manifestações contra o governo, nos 26 Estados e no Distrito Federal, acenderam o sinal amarelo no Palácio do Planalto. A avaliação foi a de que desta vez a imagem da presidente Dilma Rousseff ficou colada ao desgaste enfrentado pelo PT no escândalo de corrupção da Petrobras. O governo acredita ainda que o PSDB conseguiu “partidarizar” os movimentos na tentativa de fazer avançar a tese do impeachment.
Em reunião com ministros que compõem a coordenação política do governo na noite deste domingo (16), Dilma disse considerar que a população, embora insatisfeita, não apoia iniciativas “golpistas”. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que passou o dia monitorando os atos em seu gabinete, informou que as manifestações foram pacíficas, em todo o país.
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Leia a matéria completaProtestos voltam a crescer, reúnem 879 mil no país e mantêm Dilma sob pressão
Protestos contra a presidente foram maiores que os de abril, mas ficaram bem abaixo dos de março em número de manifestantes
Leia a matéria completaPara evitar “panelaços” e esvaziar a repercussão dos protestos, ministros foram orientados a não dar entrevistas após a reunião com Dilma, no Palácio do Alvorada, que durou duas horas. Coube ao titular de Comunicação Social, Edinho Silva, emitir um curto comentário.
“O governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática”, disse Silva. “O governo mantém sua agenda de trabalho para em breve o país voltar a crescer, gerando emprego e distribuindo renda”, emendou, em post no Twitter.
A ordem do Planalto é destacar a legitimidade dos protestos e dizer que o governo tem “humildade” para admitir os erros. No diagnóstico de ministros ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a crise política arrefeceu, mas está longe de acabar e o governo precisa tomar cuidado para não demonstrar soberba neste momento em que os problemas na política prejudicam ainda mais a economia.
Bonecos
Chamaram a atenção de ministros, nas manifestações de ontem, os bonecos de Dilma vestida de “irmã metralha” e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com roupa de presidiário e a inscrição 13-171.
A percepção do núcleo político do governo foi a de que Dilma não conseguiu, até agora, transmitir a ideia de que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal - responsável por desvendar um esquema de corrupção na Petrobras – vai passar o país a limpo. Ao contrário: os protestos mostraram que a operação da Polícia Federal nocauteou o governo, Lula e o PT.
Fôlego
No entanto, na reunião de ontem, ministros disseram que Dilma acertou, nos últimos dias, ao sair do Planalto para defender sua gestão e apontar para os riscos de uma ruptura nas regras do jogo.
Com a popularidade em queda livre, Dilma só ganhou fôlego nos últimos dias após fazer acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que divulgou a “Agenda País” e desviou o foco da crise e do ajuste fiscal - isolando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Além disso, a presidente esteve no Maranhão e na Bahia, na semana passada, para inaugurar obras. Não foi só: tomou café da manhã com empresários, jantou com senadores aliados e integrantes do Judiciário e se reuniu com representantes de movimentos sociais dois dias seguidos.
A estratégia vai continuar, nos próximos dias. Em conversas reservadas, ministros dizem que Dilma errou no passado ao não dialogar com os vários segmentos da sociedade e também com aliados do PMDB. “Mas agora a ficha caiu”, contatou um de seus auxiliares.
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