Integrantes do Palácio do Planalto enxergam uma “operação casada” entre o vazamento de trechos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) a uma revista, nesta quinta (3), e a operação desta sexta-feira (4), na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para auxiliares presidenciais, “está na cara” que os dois episódios foram uma ação combinada para enfraquecer a presidente Dilma Rousseff, Lula e o governo.
Reação do PT é forte e considera o ex-presidente um “preso político”
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Para petistas, as autoridades da Lava Jato montaram uma narrativa que, a cada dia e aos poucos, sobe mais um degrau com o intuito de prender o ex-presidente.
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Leia a matéria completaMinistros do entorno da presidente Dilma Rousseff já estavam desde cedo se telefonando para trocar informações sobre a operação. Um ministro próximo a Lula disse que está preocupado com a reação social que a ação pode gerar. “CUT, movimentos sociais não vão se conformar com isso. Temo o que pode acontecer durante o dia de hoje. Não dá pra dimensionar o que pode acontecer”, opina o ministro, que preferiu falar sob anonimato.
A avaliação de fontes do Planatlto é que esta operação da PF foi um passo muito grande dos investigadores, que terão de justificá-la.
PT considera Lula preso político e pede reação: ‘não podemos deixar barato’
O Partido dos Trabalhadores publicou na manhã desta sexta-feira (4) no microblog Twitter, um post no qual o classifica como “preso político” e pede reação dos militantes e seguidores.
“#LulaPresoPolítico. Não podemos deixar barato. Precisamos todos reagir. Agora!”, informa o PT no perfil @ptbrasil.
A ação da PF, a pedido do MPF, praticamente dominava os assuntos comentados do Twitter, com três posts entre os dez mais citados. Além da hashtag #Aletheia liderando, outras citações como Instituto Lula e Condução Coercitiva também estavam entre os mais comentados.
O diretório nacional do PT convocou ainda nesta manhã, via redes sociais, uma reunião extraordinária, às 10 horas, na sede do partido, localizada região central de São Paulo, para definir as ações em defesa do ex-presidente.
Segundo o convite a militantes e simpatizantes, a reunião terá a presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão, do presidente estadual Emídio de Souza “e definirá as ações das próximas horas”, informa. “O momento é de mobilização total”.
Lula: Rui Falcão conclama a militânciaRui Falcão conclama a militância e fala de detenção "policialesca" de Lula. Assista e compartilhe!www.pt.org.br
Posted by Partido dos Trabalhadores on Friday, March 4, 2016
Instituto Lula: Lava Jato desrespeita o Supremo e compromete sua credibilidade
Na avaliação do Instituto Lula, a Operação Lava Jato “desrespeita o Supremo e compromete sua credibilidade”. Em nota divulgada na manhã desta sexta-feira, 4, a assessoria de imprensa do instituto do petista diz que “a violência praticada hoje (04) contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda a sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal.”
A nota reitera que Lula jamais ocultou patrimônio ou recebeu vantagem indevida, antes, durante ou depois de governar o País. “Jamais se envolveu direta ou indiretamente em qualquer ilegalidade, sejam as investigadas no âmbito da Lava Jato, sejam quaisquer outras.” e que “a violência praticada nesta manhã - injusta, injustificável, arbitrária e ilegal - será repudiada por todos os democratas, por todos os que têm fé nas instituições e do estado de direito, no Brasil e ao redor do mundo”.
O instituto complementa dizendo que a ação “é uma violência contra a cidadania e contra o povo brasileiro, que reconhece em Lula o líder que uniu o Brasil e promoveu a maior ascensão social de nossa história.”
Ex-ministro defende negociação
Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação do governo Dilma Rousseff, também saiu em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por meio de sua página no Facebook, o ex-ministro comparou o “o cerco a Lula” à prisão do chefe da guarda pessoal do ex-presidente Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, que foi detido pela suspeita de ter comandado um atentado contra Carlos Lacerda.
Segundo Janine, “um apartamento de classe média no Guarujá, um sítio decorado com hábitos modestos vão cercando o ex-presidente. Que ele poderia e deveria depor, OK, mas condução coercitiva, nunca”.
O ex-ministro disse ainda que a Polícia Federal deveria negociar seu depoimento, “com absoluto respeito ao cargo que ocupou”. Para ele, ao desrespeitá-lo, estão sendo desrespeitados os brasileiros que o conduziram à presidência e também os que o apoiam.
“O que é visível é que as cartas estão lançadas, para a deposição de Dilma e o descarte de Lula como candidato, seja em 2016 ou em 2018”, finalizou.
Senador manifesta “indignação”
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou como “absurda” a condução coercitiva do ex-presidente Lula. O petista disse que deputados e senadores do PT vão seguir para São Paulo para acompanhar o caso.
“Isso é um espetáculo. Por que chamar uma condução coercitiva? Nessa discussão toda querem desgastar e desmoralizar o nosso candidato (a presidente) em 2018”, criticou o senador, em rápida entrevista ao Broadcast Político antes de embarcar para a capital paulista. “Achamos isso um fato gravíssimo, a Lava Jato virou uma coisa para destruir o PT”, protestou.
Deputado fala em “golpe de estado”
Na opinião do deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), a condução coercitiva do ex-presidente é uma “ilegalidade flagrante”. Para o parlamentar, um dos mais próximos de Lula, a Polícia Federal está sequestrando o ex-presidente por ordem do juiz federal Sérgio Moro, a quem o parlamentar chamou de “fascista”.
“Condução coercitiva se faz quando alguém se recusa a depor, mas não houve qualquer intimação da Justiça ou do Ministério Público Federal”, afirmou Damous, que é ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro.
“O que a PF está fazendo é um sequestro por ordem de um juiz fascista de Curitiba”, emendou, referindo-se ao juiz Sérgio Moro, que autorizou a condução de Lula.
Para o parlamentar, “é possível” que a Polícia Federal esteja fazendo uma operação casada entre a operação de hoje contra Lula e o vazamento de suposta delação premiada do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), revelada ontem pela revista IstoÉ. Na suposta colaboração, o senador petista teria citado tanto Lula como a presidente Dilma Rousseff.
“No meu entendimento, está em andamento um golpe de estado, patrocinado pelo sistema de Justiça e grandes meios de comunicação. É uma ilegalidade flagrante de um obscuro juiz de Curitiba, que está pondo o País de joelhos, com essa articulação midiática e de setores do Estado”, afirmou Damous.
Repercussão
Todos os mandados cumpridos pela PF nesta sexta atingem pessoas muito próximas ao petista. Nesta sexta, uma autoridade da Lava Jato afirma que o pior ainda está por vir. A operação, portanto, chega oficialmente ao coração do PT.
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