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Com quórum muito baixo, o deputado Josias Gomes (PT-BA) deve ser absolvido pelo plenário da Câmara. Dos 513 deputados, apenas 314 registraram presença e o plenário cada vez vai ficando mais vazio. Nas cadeiras da frente, petistas que escaparam da cassação, como João Paulo Cunha (SP) e João Magno (MG), dão força ao colega de partido.

Durante 50 minutos, o relator do processo, Mendes Thame (PSDB-SP), leu o parecer pela cassação. Em sua defesa, Josias disse que a mídia criou o factóide do mensalão e que, ao longo de mais de 25 anos de vida pública, jamais foi alvo de inquérito. Confiante de que será absolvido, o parlamentar disse que o caixa dois não é um 'crime de lesa-pátria'. Ele voltou a dizer que não tinha conhecimento de que os R$ 100 mil recebidos do empresário Marcos Valério eram ilícitos. Disse ainda que, antes de entrar na carreira política, plantava coentro e criava galinhas.

O deputado João Batista Babá (PSOL-PA) não perdeu a oportunidade de criticar o ex-colega de partido afirmando que, com um passado deste, "o senhor deveria ter vergonha de ter se envolvido com o valerioduto".

Josias Gomes foi pessoalmente à agência do Banco Rural, em Brasília, retirar R$100 mil das contas da SMP&B e até deixou lá cópia de carteira parlamentar. O petista afirmou que não cometeu nenhuma irregularidade em procurar o então tesoureiro do PT Delúbio Soares para pedir ajuda financeira.

- O meu caso tem começo, meio e fim. Eu fui ao Delúbio, o tesoureiro do meu partido, pedir dinheiro e, até como ato de boa-fé, deixei a carteira de parlamentar no banco. Imaginei que era dinheiro do meu partido. O caixa dois é uma prática condenável, que não se sustenta, mas não é um crime de lesa-pátria, ainda mais no meu caso, que fiz sem saber - afirmou.

Se o plenário seguir a tendência das últimas decisões, o parlamentar deve ser absolvido, como já foram outros nove deputados suspeitos de envolvimento no esquema. Josias será o 13º da lista de 19 mensaleiros enviada ao Conselho a ser julgado pelo plenário da Câmara. Até agora, das dez recomendações em favor da cassação feitas pelo Conselho, apenas três foram ratificadas pelo plenário.

Se o caso de Josias for encerrado nesta quarta-feira, ficarão pendentes apenas dois: o processo de Vadão Gomes (PP-SP) é o penúltimo da lista dos acusados pela CPI dos Correios de integrar o esquema do mensalão. Restará apenas o processo contra o deputado e ex-líder do PP José Janene (PR), que deverá terminar em maio.

Até agora, foram cassados os mandatos de apenas três acusados: do petebista Roberto Jefferson, autor da denúncia do mensalão e da compra de votos pelo governo; do petista José Dirceu, acusado de ser o principal articulador do esquema; e do presidente nacional do PP, Pedro Corrêa. O plenário absolveu nove deputados: Sandro Mabel (PL-GO) e Pedro Henry (PP-MT) - que haviam sido absolvidos também pelo Conselho -, Romeu Queiroz (PTB-MG), Roberto Brant (PFL-MG), Professor Luizinho (PT-SP), João Magno (PT-MG), João Paulo Cunha (PT-SP), Wanderval Santos (PL-SP) e José Mentor (PT-SP).

Outros quatro incluídos na lista de beneficiários do valerioduto renunciaram para evitar a cassação: Carlos Rodrigues (PL-RJ), Valdemar Costa Neto (PL-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e José Borba (PMDB-PR).

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