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Nem bem o clima das eleições de outubro esfriou e já teve início o troca-troca de partido. Tanto que nesses poucos meses de mandato, pelo menos 36 prefeitos já migraram para o PMDB – sigla do governador do estado, Roberto Requião. Nos últimos dois meses, as transferências se acentuaram em tal medida que provocaram manifestações indignadas na oposição e até na base aliada. Os novos peemedebistas dão fôlego à legenda, que elegeu 121 prefeitos em outubro e hoje já conta com 157 – aumento de quase 30%.

A expressividade do avanço do partido pode ser mensurada. Depois do pleito municipal de 2000, a sigla que mais concentrava prefeitos era o PSDB, com 96 filiados, seguido do PFL, com 85. Estimativas extra-oficiais apontam que hoje o PMDB detém cerca de 200 prefeitos – o que representa metade dos municípios do Paraná. Muitos novos peemedebistas não estão na lista formal do TRE porque ainda não oficializaram a transferência. Para os interessados em concorrer nas eleições de 2006, o prazo para a transferência da filiação partidária vence em outubro. Contudo, como muitos prefeitos não estão entre os pré-candidatos, várias transferências ainda são esperadas até às vésperas do pleito.

O único outro partido que registrou números positivos depois das eleições foi o PT, que ganhou mais um prefeito. Quatro dentre as maiores legendas presentes no estado ficaram sem quatro filiados cada um. O partido que mais perdeu prefeitos foi o PFL, saindo de 25 para 16. Siglas pequenas, como o PRP, acabaram perdendo a metade da representação. A corrida para integrar o grupo político que está no poder está atraindo também vereadores e pré-candidatos a deputado.

Mas a situação já começa a causar problemas para o governo. A bancada do PPS na Assembléia Legislativa anunciou que deixará a base de apoio. O motivo seria justamente o descontentamento com as investidas do PMDB sobre os prefeitos. O PPS tem quatro deputados estaduais: Marcos Isfer, Ratinho Júnior, Waldir Leite e Arlete Caramês. Em nota, o partido repudiou a forma com que os novos filiados têm sido seduzidos, alegando que obras, convênios e outras vantagens estão sendo oferecidas. O governo nega a relação direta, mas a verdade é que os prefeitos que tiveram suas fichas de filiação abonadas neste mês, segundo informações de deputados peemedebistas, tiveram cerca de 90% das reivindicações que levaram ao Palácio Iguaçu atendidas.

O drama que vivem as pequenas cidades seria o motivo da intensa migração, na opinião do presidente da Associação dos Municípios do Paraná, Luiz Lázaro Sorvos. Com a receita em vertiginosa queda, ano após ano, os prefeitos estariam cada vez mais reféns de acordos políticos para conseguir realizar o mínimo de investimentos no mandato. "Tudo por conta da má distribuição de recursos", aponta ele, que critica a concentração da arrecadação tributária especialmente na União e o aumento crescente das atribuições dos municípios.

Além de defender a reforma política, e a conseqüente fidelidade partidária, Sorvos pede mais respeito e autonomia para as prefeituras, argumentando que se houvesse estabilidade financeira, não haveria tanta promiscuidade. "Os prefeitos precisam lembrar que as vantagens oferecidas hoje são passageiras e que, depois da eleição, lá estarão eles novamente com o pires na mão", aponta. Dentre os prefeitos que passaram a integrar o PMDB, a imensa maioria governa cidades com menos de 16 mil habitantes. As exceções são Campo Largo (93 mil), Santo Antônio da Platina (40 mil) e Ibaiti (26 mil).

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