Dilma e os novos ministros: posse era aposta para acalmar a base; funcionou pela metade| Foto: Marcelo Camargo/ ABr

Na expectativa de acabar com a rebelião da base aliada no Congresso, a presidente Dilma Rousseff deu posse ontem a seis novos ministros. Mas o principal foco de insatisfação – o PMDB da Câmara – deu mais um recado à presidente: os deputados peemedebistas boicotaram a solenidade que oficializou as mudanças na Esplanada.

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Com a reforma ministerial, Dilma agradou ao PP ao manter o espaço do partido no primeiro escalão. Com isso, o partido abandonou o "Blocão" de partidos insatisfeitos. Outra sigla que saiu do grupo foi o Pros.

Mas o PMDB da Câmara segue insatisfeito porque os novos ministros da Agricultura e do Turismo – Neri Geller e Vinicius Nobre Lages, respectivamente – não foram indicados pela bancada. As duas pastas eram consideradas "cota" dos deputados peemedebistas.

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Geller foi nomeado para a Agricultura para tentar satisfazer aos deputados do PMDB, pois ele conta com bom trânsito na bancada, embora não tenha sido indicado pelos parlamentares. Mas, ao escolher Lages para o Turismo, Dilma anulou o efeito positivo que o nome de Geller poderia ter. Lages foi indicado pelo PMDB do Senado, em especial pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ou seja, os deputados da sigla perderam espaço.

Os senadores do PMDB tentaram ontem minimizar a crise e negaram que a legenda esteja dividida. "Não existe divisão entre Câmara e Senado. Vejo essa crise, colocando posições divergentes, mas não crise interna", disse o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

Mal-estar

O novo ministro da Agricultura, Neri Geller, mal tomou posse e teve de explicar sua indicação. Ele negou mal-estar com a bancada do PMDB na Câmara, embora tenha reconhecido que os deputados não foram consultados. "A minha indicação vem da base, do setor [agricultura]. Tenho uma relação boa com o PMDB; a maioria dos deputados do PMDB eu sinto que me apoiam. Agora, na articulação, não teve a participação da Câmara." Também acenou para trabalhar junto dos peemedebistas. "Eu fui deputado federal, atuei muito forte na Comissão de Agricultura, vou ter habilidade política para ter os deputados que são ligados ao agronegócio junto comigo. E, obviamente, junto ao PMDB nós vamos estar alinhados dentro da política macro da presidente Dilma."

Já Vinicius Lages, novo ministro do Turismo, saiu pela tangente. Disse que recebeu a indicação com "muita tranquilidade, independente de todo o contexto mais tenso nesse momento de reforma". "Qualquer reforma dá tensão mesmo", disse o afilhado político de Renan.

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Outros

Os outros ministros que tomaram posse ontem são Miguel Rossetto (PT-RS, Desenvolvimento Agrário); Gilberto Occhi (Cidades); Clelio Campolina Diniz (Ciência e Tecnologia); e Eduardo Lopes (PRB-RJ, Pesca).