O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), informou nesta quinta-feira que o partido deve pleitear a relatoria da CPI da HSBC, prevista para ser instalada na próxima terça-feira, 24, na Casa. O pedido da instalação da comissão foi feito pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e terá, entre outros objetivos, investigar irregularidades praticadas pelo HSBC na abertura de contas irregulares, em que mais de U$ 100 bilhões foram potencialmente ocultados do Fisco de mais de 100 países. Entre os correntistas há cerca de 8 mil brasileiros, que tinham, numa estimativa preliminar, mais de R$ 7 bilhões ocultados da Receita Federal.
“Não importa quem recebeu, se existe algo ilegal, é papel do Congresso investigar”, ressaltou o senador Eunício Oliveira. Na próxima terça-feira, o comissão deve escolher o presidente e o relator que conduzirão as atividades previstas para durar pelos próximos 180 dias. “Conversei com o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e cabendo a relatoria ao PMDB, vou indicá-lo para ser o relator dessa matéria”, afirmou Eunício Oliveira. Em razão de ter a maior bancada do Senado, os peemedebistas, em tese, têm direito de fazer a primeira escolha dos principais cargos da CPI.
O senador Eunício Oliveira disse que a demissão do ex-ministro da Educação Cid Gomes (PROS-CE) também foi tema de conversas hoje entre ele e o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O encontro dos três ocorreu no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. Segundo Eunício, o partido não vai reivindicar o comando da Pasta.
“De repente um ministro mal educado, que agrediu um outro Poder da República, que é o Poder Legislativo, veio ontem para fazer o seu pedido de desculpas e justificar aquilo que ele tinha dito e terminou como todos vocês viram. Talvez tenha sido o pior momento que presenciei na minha vida pública, um ministro que ficou dando língua para os parlamentares. Foi um episódio lamentável e presenciamos aquilo tudo com muito tristeza”, ressaltou.
Cid Gomes foi convocado pelos deputados para explicar sua afirmação, feita há três semanas, em um evento fechado em Belém. As explicações deveriam ter sido dadas na semana passada, mas Cid foi internado em um hospital de São Paulo e só atendeu à convocação ontem. À época da declaração, o ex-ministro foi chamado de “mal-educado” pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E foi no embate com o peemedebista que Cid explicitou o nível de tensão da tarde de ontem, ao dizer que prefere “ser acusado por ele de mal-educado do que ser como ele, acusado de achaque”. Cunha disse que vai processar Cid.
Em tom de enfrentamento, Cid disse não concordar com a postura de quem, “mesmo estando no governo, os seus partidos participando do governo, têm uma postura de oportunismo”. “Partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo.”
A sessão transformou-se em intenso bate-boca que culminou com o abandono da sessão pelo ex-ministro. O PMDB ameaçou retaliar o governo e Cid seguiu ao Palácio do Planalto, onde, segundo nota da Presidência, pediu demissão. A decisão foi anunciada por Cunha, a partir de informação do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.