Rio de Janeiro - A disputa de poder entre PMDB e PT por cargos no segundo escalão do governo Dilma Rousseff ganhou tons ruidosos ontem com a vinda a público de um documento em que engenheiros de Furnas atacam o domínio da empresa por nomes ligados ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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A existência do documento foi revelada pelo jornal O Globo. A reportagem obteve uma cópia do texto, segundo o qual "a interferência do deputado hoje faz parte do cotidiano de Furnas’’. O texto não tem assinatura.

"Hoje existe uma rede de gerências nas diversas diretorias que respondem ao comando externo da estrutura formal. Tudo passa pelo crivo do deputado: nomeações de gerentes, coordenação de projetos importantes, grupos de trabalho’’, diz o texto.

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Segundo o documento, "as consequências da atual diretoria de Furnas têm sido desastrosas sobre o clima organizacional e os resultados econômicos e financeiros".

Em 2009, a estatal teve prejuízo líquido de R$ 129,15 milhões.

O texto cita algumas operações duvidosas que teriam trazido prejuízo para Furnas, como a relacionada à usina de Serra do Facão.

Segundo o documento, "a estatal deixou de exercer direito de compra da participação acionária da empresa Oliveira Truste, por R$ 5.000, para posteriormente comprar esse mesmo direito da empresa Serra Carioca por R$ 80 milhões’’.

Sem prejuízo

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Em nota, o presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, disse que a administração da estatal "cumpre rigorosamente as leis’’ e que "carece de fundamento a informação de que os gerentes de Furnas vêm sendo substituídos por indicações políticas’’. Declara também que não há risco de que a estatal tenha dado prejuízo em 2010.

"As ilações políticas, mentiras e leviandades distorcem os resultados positivos obtidos desde 2008 pela gestão técnica que está à frente da companhia e servem a interesses políticos de grupos que buscam o controle da empresa’’, conclui a nota.

Interesses petistas

Pelo Twitter, o deputado Eduardo Cunha negou qualquer ingerência em Furnas. "Isso são setores do PT buscando tomar cargos dos aliados. Só não falam dos diretores deles e suas incompetências", escreveu.

O texto que ataca Cunha faz questão de isentar das acusações a Diretoria de Operação, a cargo de Cesar Ribeiro Zani, doador da campanha de 2006 à Câmara dos Deputados do petista Jorge Bittar, hoje secretário municipal de Habitação do Rio. Bittar recebeu o documento sobre Furnas e o encaminhou ao ministro Luiz Sérgio (PT), que negocia o preenchimento de cargos no governo.

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