Entenda o caso
A discórdia entre o prefeito Beto Richa e o governador Roberto Requião começou durante o segundo turno da campanha eleitoral, quando o prefeito fez campanha para o adversário de Requião, Osmar Dias. Na semana passada a situação piorou quando Requião disse, durante a reunião semanal do secretariado, conhecida como "escolinha de governo", que o irmão de Beto Richa, José Richa Filho, teria autorizado um pagamento irregular de R$ 10 milhões à empresa DM, em 2002.
Richa Filho era diretor administrativo e financeiro do DER e afirma que o pagamento foi considerado regular pelo Tribunal de Contas, que foi consultado na época. A DM fez a duplicação da estrada CuritibaGaruva e realizou obras a mais do que as contratadas. Depois reclamou o pagamento desses serviços.
Requião afirma que o dinheiro não ficou na DM e sim foi repassado para Cila Schulman, publicitária que trabalhava na campanha de Beto Richa em 2002. Cila move uma ação por calúnia e difamação contra Requião por essas afirmações, já feitas em 2003.
A família Richa veio a público repudiar as acusações e afirmando que Requião será processado pela denúncia. O PMDB reagiu produzindo um panfleto contra o prefeito.
A partir da próxima semana o PMDB de Curitiba promete "colar" em Beto Richa (PSDB) durante todo e qualquer evento a que o prefeito comparecer. A data não é aleatória: Richa escolheu o mês de março, quando é comemorado o aniversário da cidade, para fazer uma maratona de inaugurações de obras. O presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos, além de outros militantes do partido, prometem realizar manifestações contra o prefeito nos mesmos horários e locais, em defesa do governador Roberto Requião (PMDB).
Os atos do PMDB terão direito a panfletagem e banda de música. O PSDB, por sua vez, já pensa em reagir levando uma outra banda de música a todos os atos oficiais do governador. A disputa entre Requião e Richa, que começou nas eleições do ano passado, ganhou mais intensidade há dez dias, quando o governador fez uma denúncia em público contra o prefeito (veja ao lado).
Desde a sexta-feira passada existe uma ordem judicial de busca e apreensão dos panfletos, concedida ao prefeito pelo juiz Humberto Gonçalves Brito. O juiz considerou que o material feria a "integridade moral" do prefeito. Pela decisão judicial, o PMDB deve pagar uma multa diária de R$ 5 mil caso descumpra a decisão e distribua o material. Mas o presidente do partido em Curitiba afirma que o PMDB não foi informado oficialmente da decisão. "A ordem fere a Constituição. Vamos repudiar veementemente a iniciativa de cercear a livre manifestação dos partidos políticos", diz Doático Santos. Hoje, o PMDB pretende fazer um ato de desagravo na Boca Maldita, onde os panfletos começam a ser distribuídos.
A militância do partido vai seguir Beto Richa acompanhada da banda "Manda Brasa", que geralmente acompanha o PMDB em atos públicos. "Vamos fazer marcação homem a homem, marcar no calcanhar do prefeito", diz Doático. A princípio os atos de desagravo devem ocorrer apenas em março, mas o partido promete fazer uma avaliação para decidir se continua, ou não, a seguir o prefeito.
A partir de quinta-feira, dia 1.º de março, está programada a entrega de mais de uma obra por dia. Entre elas estão quatro novos centros municipais de emergências médica, três escolas de ensino fundamental e três Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). De acordo com a assessoria da prefeitura, Beto Richa vai cumprir a agenda programada e na quinta-feira inicia a maratona.
A turma de apoio a Beto Richa não deve deixar por menos. Paulinho Paiakan, coordenador dos núcleos de base do PSDB, e Edson Feltrin, presidente da Federação das Associações de Moradores de Curitiba (Femotiba), programam levar militância e banda de música para todos os eventos nos quais Requião comparecer.
O último encontro entre militantes do PMDB e Beto Richa acabou em ovos e muita confusão. Durante o segundo turno da campanha ao governo do estado, no fim de outubro, Doático Santos e outros militantes encontraram o prefeito no bairro Pinheirinho. O prefeito fazia campanha para o candidato Osmar Dias (PDT) no bairro e afirmou que foi agredido com ovos. Doático desmentiu, dizendo que a manifestação não foi do PMDB, e sim da população.
O minério brasileiro que atraiu investimentos dos chineses e de Elon Musk
Desmonte da Lava Jato no STF favorece anulação de denúncia contra Bolsonaro
Fugiu da aula? Ao contrário do que disse Moraes, Brasil não foi colônia até 1822
Sem tempo e sem popularidade, governo Lula foca em ações visando as eleições de 2026