Exatos três dias depois de sair das urnas como o grande vitorioso da disputa municipal, o PMDB apresentou ontem seu novo cacife e a conta política ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com 18,5 milhões de votos, razoável unidade interna, sete governadores, quatro ministros de estado, um exército de 1.195 prefeitos eleitos e estrutura organizada em 4.671 cidades, o PMDB quer manter a aliança com o PT em 2010, mas impõe condições: pede neutralidade de Lula onde o PMDB disputa o segundo turno com o PT (Salvador, Porto Alegre e Anápolis), e não aceita papel secundário na sucessão presidencial
"Temos compromisso com o presidente, mas também temos cacife para qualquer projeto, inclusive a candidatura própria", resumiu o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), pouco antes do jantar da cúpula do partido com Lula no Palácio da Alvorada. Como a iniciativa do convite foi do presidente, os peemedebistas argumentaram que a pauta do encontro também era do anfitrião. Mas o líder fez questão de salientar que, "com a unidade e a força das urnas", o partido tem condições de se "sentar à mesa de igual para igual" e, referindo-se a 2010, emendou: "A reboque e no papel de coadjuvante, o PMDB não vai".
O partido não comemora apenas o crescimento generalizado, mas o fato de ter se livrado da pecha de legenda dos grotões. Afinal, o PMDB avançou em grandes centros urbanos, com possibilidade de vencer o segundo turno em Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis e Belém, além de Salvador. E ainda ser sócio-aliado de uma vitória de Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo.
Parceiro
Mais do que não ir a Salvador, Porto Alegre e Anápolis na campanha do segundo turno, Lula teria dito a integrantes do governo que dará uma declaração de que não tem preferência por "A" ou "B" onde os dois candidatos são da base do governo. O presidente afirmou que anunciará, formalmente, que o eleito, seja quem for o aliado, terá no governo federal um parceiro. É exatamente esta neutralidade que o PMDB quer que Lula adote nas 11 cidades em que um peemedebista está no segundo turno da eleição municipal.
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