O PMDB do Rio, que retirou o apoio à presidente Dilma Rousseff com o argumento de que ela não poderia ter mais de um candidato aliado ao governo do Rio, caminha agora para abrir o palanque de reeleição do governador Luiz Fernando Pezão a três candidatos ao Palácio do Planalto: a própria Dilma, o tucano Aécio Neves e o pastor Everaldo Dias, do PSC. Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral prometem fazer campanha para Dilma.
"Se a presidente pode ter quatro palanques no Rio de Janeiro, por que o Pezão não pode ter três, da Dilma, do Aécio e do pastor Everaldo? É para isso que vamos trabalhar", disse, na noite de segunda-feira, 14, o secretário-geral do PSD-RJ, deputado estadual André Corrêa, líder do governador Pezão na Assembleia Legislativa, depois de participar do jantar que lançou a chapa "Aezão" - Aécio e Pezão.
Quatro aliados de Dilma disputam o Palácio Guanabara: Pezão; o petista Lindbergh Farias; o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o ex-ministro Marcelo Crivella (PRB).
Corrêa defendeu uma composição que permita o apoio de mais de um candidato a presidente à reeleição de Pezão. "Temos até junho para construir isso. Nós queremos muito o PSDB e o PPS formalmente na aliança do Pezão. Ninguém está diminuindo as divergências, mas o exercício da boa política vai levar a um bom caminho", disse Corrêa. O PSDB fez oposição ao ex-governador Sérgio Cabral e a Pezão desde o primeiro dia de governo nos últimos sete anos.
Os tucanos do Rio resistem à aliança formal pela reeleição de Pezão, mas têm interesse no apoio do PMDB-RJ, diante do empenho do presidente regional do partido, Jorge Picciani, em arregimentar aliados para Aécio. Embora o eleitorado do PSDB no Rio rejeite Cabral e Pezão, os tucanos dizem que, nesta eleição, Picciani e seus correligionários "mais abrem portas do que fecham".
Distante dos assuntos de campanha desde que deixou o governo, em 4 de abril, e partiu para duas semanas de descanso em Londres, Cabral está com Dilma, mas não faz movimentos para frear o grupo pró Aécio. Com a popularidade em baixa desde o início dos protestos, em junho do ano passado, o ex-governador avalia se será candidato a senador ou a deputado.
No PMDB-RJ, os aliados de Aécio contam com a adesão do filho do ex-governador, Marco Antônio Cabral, à campanha do tucano, mas o rapaz até agora está em silêncio sobre a disputa presidencial. Procurado, Marco Antônio, que é presidente nacional da Juventude do PMDB, não respondeu ao pedido de entrevista. Marco Antônio é primo de Aécio por parte de mãe, parentesco que foi lembrado por Cabral no ano passado, quando o então governador se irritou com o lançamento da candidatura do petista Lindbergh Farias ao governo do Estado e insinuou que poderia romper com Dilma e apoiar Aécio.
A aproximação do PMDB-RJ com Aécio preocupa o grupo ligado ao vice-presidente Michel Temer, pré-candidato à reeleição na chapa de Dilma. Para os aliados de Temer, o fortalecimento ou esvaziamento das dissidências do PMDB nos Estados dependerá do desempenho da presidente. Eles reconhecem que há insatisfação com o espaço do PMDB no governo e com a distância que Dilma faz questão de manter dos aliados, em estilo oposto ao do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva.
Um fator decisivo, acredita o grupo de Temer, será o desempenho da presidente nas próximas pesquisas. Se ela continuar a cair, a tendência será de novos movimentos em favor de Aécio. Se recuperar as intenções de voto e Aécio continuar estacionado, os peemedebistas poderão optar por continuar com a chapa Dilma-Temer.
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