Com o intuito de viabilizar uma candidatura própria à Presidência da República em 2018, o PMDB quer deixar de ser o partido dos grotões e, nas eleições municipais do ano que vem, pretende investir fortemente em cidades médias e grandes. Uma das principais apostas é a ex-petista Marta Suplicy, que chega ao PMDB com o objetivo de se candidatar à prefeitura de São Paulo. Sua filiação está marcada para o próximo dia 26.
— O PMDB tem o maior número de prefeitos, mas a maioria é de cidades com até cem mil habitantes. Isso dá capilaridade ao partido, mas não sustenta uma candidatura à Presidência da República — explica um integrante da cúpula do PMDB.
Líder do partido na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ) não considera a conquista de prefeituras de cidades maiores um fator “determinante” para o lançamento de um candidato do PMDB à Presidência. Porém, diz que essas vitórias pavimentariam um caminho para o Planalto:
— O PMDB faz esse movimento. A filiação da Marta Suplicy é para viabilizar isso no maior colégio eleitoral do país.
Sem candidato a presidente da República desde 1994, o PMDB ensaia quebrar o jejum em 2018. Defensores da candidatura própria afirmam que lançar um nome é essencial para dar vitalidade ao partido, conhecido por sempre apoiar o governo. A dificuldade é unir a legenda, composta por muitos caciques regionais. Um nome bem cotado é o do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que passará pelo teste da realização das Olimpíadas de 2016. O do vice-presidente Michel Temer também é considerado.
Além de Marta Suplicy, o partido tentou atrair o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que é aliado do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). No entanto, as negociações não prosperaram. Mas, se o candidato do PMDB for Paes, haverá uma possibilidade de o carioca receber o apoio de ACM Neto, pela proximidade entre os dois.
Na Bahia, os peemedebistas terão um candidato considerado competitivo em Vitória da Conquista: o deputado estadual Herzem Gusmão, que foi para o segundo turno na eleição passada. Mas o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) não concorda com a estratégia da cúpula do PMDB de usar as eleições municipais como plataforma para a disputa presidencial:
— O que segura eleição para presidente não é prefeito. Já sofremos isso com Ulysses Guimarães e Orestes Quércia. Você pode ter o prefeito e ele não apoiá-lo. Prefeito é cabo eleitoral para deputado, mas não para eleição majoritária, pois não controla o voto para governador, senador ou presidente. Nesses casos, o povo vota em quem quer e o prefeito não vai ficar contra ele. Então, acaba liberando.