Uma articulação silenciosa e discreta começa a ganhar força nos bastidores da Assembléia Legislativa mesmo antes das eleições de outubro, que vão escolher os 54 deputados estaduais. O cargo mais cobiçado do Legislativo estará vago a a partir de 2007 quando os parlamentares tomarem posse. Alguns nomes já começam a ser lançados como pré-candidatos à presidência da Assembléia. O atual primeiro-secretário, Nereu Moura (PMDB), que ocupa o cargo mais importante depois do presidente, garante que a bancada vai reivindicar o posto hoje ocupado por Hermas Brandão (PSDB) que já anunciou que não deve concorrer a um novo mandato de deputado estadual, independentemente de quem seja o próximo governador.
Mesmo faltando um ano para a eleição do próximo presidente da Assembléia Legislativa, seu nome vem sendo apontado como um dos candidatos com maiores chances de comandar o Legislativo. As articulações já começaram?
Todo deputado sonha em ser presidente ou ter um cargo na Mesa Executiva, assumindo funções de responsabilidade para marcar com mais força seu mandato. Eu que fui primeiro secretário durante quatro anos, estabeleci uma base, conheço toda a engrenagem do Legislativo, tenho bom relacionamento com os deputados da base aliada e da oposição. Procurei ser imparcial e não fazer da primeira secretaria um espaço só de aliados do governo. Nunca discriminei qualquer deputado. Isso me dá condições, se me reeleger, como indicam as pesquisas de opinião pública, de colocar meu nome à apreciação da bancada do PMDB, que será expressiva, com aproximadamente 18 deputados. Posteriormente, também pretendo me apresentar às outras bancadas. Outros deputados também têm condições de ser o próximo presidente, mas vai depender da eleição do próximo governador.
Qual a influência do governador na escolha do presidente?
Não dá para negar que o governador acaba tendo influência muito grande na Assembléia. Se reelegermos o governador Requião, claro que o PMDB vai eleger o próximo presidente, porque o governo vai ajudar na composição de forças. E mesmo que não elegêssemos o Requião hipótese que eu descarto ainda assim teríamos condições de indicar o próximo presidente porque seremos a maior bancada. Ficaria um pouco mais difícil, mas de toda forma, o PMDB irá pleitear a presidência da Casa e tenho condições de colocar meu nome. Mesmo sendo independente, a Assembléia ainda é vulnerável à influência do Poder Executivo, que acaba tendo um peso decisivo no Legislativo e no Tribunal de Justiça. É o Executivo que tem a chave do cofre na mão.
Na contabilidade de votos para a eleição da próxima Mesa Executiva em 2007, sua previsão é de contar com a reeleição de quantos dos atuais 54 deputados?
Acho que a renovação será pequena, menor que na eleição passada, que foi de 40%. Estamos estimando que a renovação seja de 20%, não mais do que isso. Se for eliminada a possibilidade de showmício, distribuição de camisetas e bonés, ficará ainda mais difícil para um novato se eleger, porque nós estamos em campanha permanente. O próprio exercício do mandato é uma divulgação do trabalho. Os atuais deputados vão ter uma condição muito mais favorável de manter o mandato do que um nome novo. O deputado quando faz um bom trabalho tem possibilidade enorme de se reeleger e mesmo quando não faz, ainda tem chances porque usa a mídia, visita suas bases eleitorais e mantém o gabinete funcionando durante quatro anos. Um candidato novo, mesmo com com vontade de pleitear um mandato, não é convidado para eventos e reuniões, não tem tanta visibilidade.
Estimativas dos deputados são de que a campanha para deputado estadual vai custar R$ 1 milhão. É esse o valor necessário para garantir uma cadeira?
Vai ser uma campanha cara para quem não trabalha, para aquele deputado que fica quatro anos sem se preocupar com o futuro, com a representação popular. Aí vai ter que gastar. Aqueles que vieram aqui, levaram a sério o trabalho, mesmo na oposição, tem grande possibilidade de voltar. Teve deputado que gastou muito e não se elegeu na última eleição. Eu mesmo gasto o mínimo em campanha.
Ano eleitoral é sempre um período em que cai a produtividade do Legislativo. A população deve esperar um 2006 com poucas votações na Assembléia?
A partir de julho, quando começa o período eleitoral, talvez tenhamos que concentrar as votações em dois dias da semana para permitir que os deputados em campanha possam visitar suas bases. Mas isso é uma sugestão que ainda precisa ser discutida. Nossa preocupação é justamente garantir a continuidade dos trabalhos da Casa e ao mesmo tempo, não atrapalhar a campanha. Até julho há normalidade nos trabalhos, mas depois teremos um processo bem mais agudo, com mais debates e polêmicas em função do processo eleitoral. A disputa pelo governo do estado vai desaguar aqui na Casa, as votações devem ser mais acirradas e o governo terá menos folga nas votações.
Mesmo assim, o governador vai continuar mantendo a maioria dos deputados como aliados?
Acho que o governo vai continuar aprovando projetos com tranqüilidade. A aceitação popular do governador influencia. Você não pode nadar contra a correnteza. Se o governo vai bem, não tem porque o deputado se opor a essa condição. Se o governo tiver algum tropeço será sentido rapidamente na Assembléia. Vamos continuar aprovando projetos do Executivo. Mas o número de deputados na base vai depender das costuras que serão feitas para a eleição de governador. Isso ainda não está claro. Se cair a verticalização é uma situação, caso contrário, é outro quadro.
Os deputados aguardam a instalação da TV Assembléia para ter maior projeção na campanha deste ano. Como está o projeto do canal próprio?
A TV Assembléia está em processo licitatório, na fase de contratação da empresa que vai prestar serviço para a Assembléia Legislativa , estamos com o edital na praça. O processo deve ser concluído o mais rápido possível e já no ínicio do período legislativo colocar a tevê no ar. Vamos melhorar muito o próprio desempenho da Casa. Os deputados que não têm costume de fazer análise, questionamentos nas comissões e no plenário vão ter que, pela própria exposição na mídia, usar mais o microfone e a palavra.
Por ser ano eleitoral, a TV pode forçar os deputados a reforçar a presença nas sessões?
A sociedade está exigindo mais e acompanhando nosso trabalho. Com a TV Assembléia vamos estar muito mais focalizados e qualquer cidadão do Paraná poderá fiscalizar. A questão da presença nas sessões é fundamental para quem pretende ser reeleito.
Em relação ao nepotismo e aos funcionários fantasmas: a Assembléia conseguiu modificar esse quadro histórico?
A Assembléia evoluiu bastante, criamos um plano de carreiras e salários e informatizamos a Casa, que era uma caixa preta onde ninguém tinha notícia de nada. Hoje, as licitações são feitas por uma comissão com a participação da sociedade e de um integrante do Ministério Público para que não pairem dúvidas sobre os procedimentos. O plano de demissão voluntária está permitindo que pessoas que não se enquadram no novo ritmo de trabalho saiam da Casa. É um processo que não pode ser feito de uma hora para outra. Hoje não existem nomes fortes que encarnam a figura do Aníbal Khury, que foi um líder com influência em todos os poderes e todos os segmentos da sociedade.
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