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Para o vice-governador reeleito, Orlando Pessuti (PMDB), o segundo mandato que ele e o governador Roberto Requião (PMDB) conquistaram na eleição mais disputada da história do Paraná será melhor do que o atual. Essa convicção decorre dos planos políticos para o futuro próximo. Os dois querem aprovação popular para ter condições de concorrer a outros cargos. No caso de Requião, as opções seriam a Presidência da República ou o retorno ao Senado. Pessuti também pensa em se candidatar a senador ou governador do Paraná. Em entrevista exclusiva, o vice-governador disse que se sente "injustiçado" pelas entidades do agronegócio, mas que o diálogo com elas continuará.

Como o senhor avalia o resultado das eleições?

Tínhamos a convicção de que poderíamos vencer a eleição no 1.º turno. A coligação com o PSDB nos assegurava um bom tempo de televisão e rádio. Quando essa coligação foi desmontada, a gente percebeu que isso seria mais difícil. Alguns fatores fizeram com que a eleição fosse para o 2.º turno. Nas duas últimas semanas houve uma avalanche de acusações dos nossos opositores. Também tentaram vincular o surgimento do dossiê dos petistas e o Lula ao Requião, por meio do caso Rasera (Délcio Rasera, policial civil preso em 6 de setembro acusado de fazer escutas ilegais). O uso de vídeos mostrando brincadeiras de Requião também contribuiu com isso, além da mentira do Ministério da Justiça, que depois voltou atrás, dizendo que o Paraná era o terceiro estado mais violento do Brasil. Isso fez com que a população se sentisse mais insegura, culpasse o governo e mudasse o voto.

O senhor acha que houve rejeição a Requião, ou o Osmar Dias era um adversário forte?

Ele se transformou em um candidato forte no 2.º turno. Houve uma conjugação de forças, antagônicas ao nosso projeto político, que vieram com tudo para cima de nós. Por isso valorizo muito esta vitória, que superou esse conjunto de adversidades. Mesmo que seja por 10.479 votos, nossa vitória tem um sabor muito especial. Além disso, há a questão do grande número de votos nulos. O próprio presidente Lula apareceu no nosso programa, dizendo vote 13 e 15, na ordem inversa da urna eletrônica.

O senhor acha que o resultado das urnas pode ser uma posição pela falta de cumprimento de promessas da campanha anterior?

Mas no caso do pedágio, nós acabamos e abaixamos a tarifa, sim. Nós acabamos com uma praça de pedágio que podíamos, na Ponte de Guaíra. Para fazer isso com as outras, dependíamos de acordo com a Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias. Não conseguimos. Dependíamos de uma lei aprovada pela Assembléia Legislativa. Fizemos, mas isso não foi adiante. Temos 44 processos, se não me engano, correndo na Justiça. Então não foi por falta de luta que não conseguimos acabar com o pedágio. Mas também reduzimos as tarifas. As concessionárias queriam aumento em torno de 70% nesses anos, mas demos apenas 37%, por força de decisão judicial.

Mas o senhor não acha que a população do Paraná esperava mais do que isso?

Baixamos mais ainda na medida em que criamos os caminhos alternativos. Nós não vamos construir novas estradas, vamos fazer interligação de algumas rodovias. Pelo estudo que temos, os dez Caminhos da Liberdade que queremos fazer não vão custar mais que R$ 300 milhões. Esse dinheiro é do orçamento do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), da arrecadação do Detran e do Cide (repasse federal de valor arrecadado com venda de combustíveis). Hoje é possível sair da região de Guaíra, Umuarama, passar por Lunardeli, Jardim Alegre, Ivaiporã, desviando de três praças de pedágio. Com a reconstrução da Rodovia do Cerne, também será possível desviar de dois pedágios, talvez não os veículos pesados, pois essa estrada é muito sinuosa.

O senhor sai ressentido deste período eleitoral? Guarda mágoas dos setores que não o apoiaram?

Não digo que fiquei ressentido. Lógico que tanto o Requião como eu nos sentimos injustiçados, principalmente pelos setores ligados ao agronegócio, liderados pela Ocepar e Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). Elas iniciaram uma cruzada para desmontar todo o trabalho que nós tínhamos feito pelo setor, em parceria com eles. Nós nunca fomos inimigos do agronegócio. Quando o governo entendeu que deveria ser contra aos transgênicos, nós fizemos na linha da precaução, pois a proibição nunca existiu, não conseguimos colocar em prática. Agimos contra o plantio de transgênicos porque na primeira safra do nosso governo, de 2003/2004, não havia instrumento legal que o autorizasse. Depois veio o decreto presidencial, que estabelecia uma série de requisitos aos produtores. Ocorre que a grande maioria dos produtores que queria plantar transgênico nessa safra e na seguinte, 2004/2005, não respeitou as especificações do decreto.

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