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A presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista publicada nesta terça-feira (3) pelo jornal The New York Times que "está certa de que podemos retomar nossa relação com os Estados Unidos de onde elas pararam" e que pode remarcar a visita de Estado que cancelou no ano passado.

Desde meados de 2013, quando foi revelado que a NSA (Agência Nacional de Segurança) dos EUA espionou a presidente e vários assessores de seu governo, o relacionamento Brasília-Washington está praticamente congelado, apesar de o vizinho do Norte ser o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China.

Além da visita de Dilma, outra vítima do estremecimento de relações foi o fornecimento de caças para a Força Aérea Brasileira: a americana Boeing era a favorita para ganhar o negócio de US$ 4,5 bilhões, vencido afinal pela sueca Saab.

Dilma deverá assistir a um jogo entre EUA e Gana em Salvador com o vice-presidente Joe Biden, que até a crise com a NSA era seu principal interlocutor com a administração Barack Obama.

O NYT conversou com Dilma antes do jantar que ela oferecerá nesta terça a correspondentes estrangeiros baseados no Brasil - parte da estratégia do governo de tentar melhorar sua imagem no momento em que a presidente se prepara para enfrentar a campanha eleitoral e busca vender a Copa do Mundo como um evento bem-sucedido, apesar das críticas.

Não por acaso, boa parte de sua entrevista foi dedicada à defesa do Mundial. Dilma lembrou que, quando era presa política na ditadura em 1970, parte de seus companheiros de cela pretendia não torcer pelo Brasil de Pelé no México. "Naquele momento, muitas pessoas que se opunham ao governo se questionaram, inicialmente, se nós estaríamos fortalecendo a ditadura ao apoiar o time do Brasil. Eu não tive tal dilema", afirmou a presidente ao jornal americano.

No restante da conversa, Dilma repetiu a defesa que tornou-se mantra em seu governo para explicar a insatisfação que surgiu nas ruas em junho de 2013: "Os serviços cresceram [em qualidade e oferta] menos que a renda", disse, afirmando que a nova classe média tem "mais desejos e demandas".

Segundo o relato do jornal, Dilma elogiou o trabalho do economista francês Thomas Piketty, cujo best-seller "O Capital no Século 21" é alvo de controvérsia devido às suspeitas lançadas pelo jornal britânico Financial Times sobre a qualidade dos dados levantados.

Para o FT, os números não sustentam as conclusões do francês sobre o aumento de concentração de renda no Ocidente, que para ele são uma contradição intrínseca do capitalismo. "Eu acho que ele fez um trabalho fantástico", disse Dilma. O texto não diz se a presidente leu a obra de Piketty, que tem 696 páginas na tradução inglesa.

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