Um dia depois da Operação Tsunami , da Polícia Federal, agentes da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil, fazem nesta quinta-feira operação de combate ao tráfico de drogas sintéticas. Segundo o delegado Luiz Alberto Andrade, titular da DRE, estão sendo cumpridos 20 mandados de prisão e de busca e apreensão. Dez pessoas já foram presas. A maioria dos mandados é nas zonas Sul e Oeste.

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Apenas uma pessoa está foragida depois da operação da Polícia Federal na quarta-feira para combater o tráfico de drogas sintéticas, principalmente ecstasy e LSD: Francisco Barroso Júnior, o Chico. Ele e cinco dos 12 presos pela Tsunami moram em prédios de classe média alta e classe média na região da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes. Chico mora no condomínio Sunset Drive, na orla, e teria fugido para São Paulo. Ele é filho de empresários paulistas, donos de uma rede de restaurantes de culinária francesa.

O perfil da quadrilha não é diferente da maioria dos traficantes de ecstasy que vêm sendo presos no Rio, nos últimos dois anos. Muitos deles têm nível superior, não têm antecedentes criminais e moram em áreas nobres da cidade.

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Boa parte das drogas era destinada a festas rave, como a realizada no município de Niterói no fim de semana e que está sendo alvo de investigação - 45 pessoas foram hospitalizadas .Justiça apreende 14 apartamentos

Apenas na orla da Zona Sul do Rio, entre Copacabana e São Conrado, 14 apartamentos comprados com o dinheiro do tráfico foram confiscados, juntamente com duas lojas no shopping Barra Square. A decisão de seqüestrar os bens é da 8ª Vara Federal Criminal do Rio. Contas bancárias (pelo menos 17, em nomes dos envolvidos) e carros usados pelos criminosos também foram confiscados por ordem da Justiça Federal, atendendo pedido da Polícia Federal. O delegado Victor Cesar Carvalho dos Santos, diretor da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, que coordenou toda a operação, disse que a quadrilha de traficantes não tinha um único chefe, "mas vários para executar determinadas funções":

- Eles atuaram no Rio nos últimos três anos e cada membro tinha uma função específica: um cuidava da distribuição da droga, outro da compra e pelo menos dois financiavam todas as atividades, como pagar jovens de classe média que eram recrutados em raves para serem "mulas" (transportadores).

As primeiras prisões aconteceram em Jacarepaguá: o engenheiro Jorge Luiz Dias Piraciaba, de 50 anos, e seu filho, o estudante Daniel Rego Barros Piraciaba, de 24. Jorge é ex-funcionário de uma multinacional sediada em São Paulo e dono da loja JPM3 Serviços Eletrônicos, no shopping Barra Square, na Avenida das Américas. O imóvel foi um dos bens seqüestrados. Segundo a PF, o estudante foi levado ao tráfico pelo próprio pai.

- Ficamos bastante surpresos quando descobrimos, durante as investigações, que o garoto havia sido levado pelo pai para o mundo das drogas. É um paradoxo: enquanto um pai procura ajuda para tirar o filho do vício, outro empurra o filho - disse o delegado Victor Cesar.

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Segundo as investigações da Polícia Federal, a quadrilha comprava cocaína no interior de São Paulo e em Goiás; e aliciava "mulas" (quase sempre jovens freqüentadores de raves) que viajavam - com a promessa de receberem até R$3 mil - para a Holanda (Amsterdã) para trocar a cocaína por drogas sintéticas. As "mulas" saíam de São Paulo ou do Rio. Na volta para o Brasil, já com ecstasy e LSD na mala, seguiam para o Rio ou para São Paulo em vôos com escala em Portugal ou em Paris.

Uma das "mulas" usadas pela quadrilha, o paraibano Yuri Kulesza, de 23 anos, foi preso em setembro deste ano com 20.850 pontos de LSD, avaliados em mais de R$1 milhão. O rapaz voltava ao Rio de Amsterdã, na Holanda, num vôo da TAP com conexão em Lisboa. Os policiais federais, durante as investigações, identificaram o agiota Alberto Moraes Neto, o Lagarto, e o empresário Jorge Piraciaba como os financiadores da quadrilha. Outro importante membro da quadrilha era André Mussi Figueiredo, o Pulga, preso ontem em Curitiba. Ele seria o responsável por vender até três mil comprimidos de ecstasy, cada um por R$50, no Paraná.

A PF também prendeu Júlio César Marinho Jordão Laje, o DJ Julinho, acusado de atuar como distribuidor de drogas sintéticas em festas supostamente financiadas pela quadrilha.