Mulher ferida em queda de avião tem 30% do corpo queimado
Uma mulher de 30 anos ferida na queda de um avião Learjet 35 sobre casas na Zona Norte de São Paulo na tarde deste domingo (4) tem 30% do corpo queimado, de acordo com informações da Secretaria Estadual da Saúde. As queimaduras estão concentradas no rosto e nos braços. Ela recebe atendimento no Pronto-Socorro do Hospital Mandaqui.
A polícia deve ouvir nesta segunda-feira sete testemunhas do acidente com um Learjet, que caiu sobre uma residência na Casa Verde, neste domingo. Oito pessoas morreram, seis delas de uma mesma família reunida para o almoço de domingo, além do piloto e do co-piloto.
Elizabeth Sato, delegada da Seccional Norte, informou que espera receber da empresa Reali Táxi Aéreo os documentos que comprovem a manutenção do jato. Adiantou, porém, que o inquérito criminal depende do resultado das apurações da Aeronáutica.
Na queda da aeronave, duas outras pessoas ficaram feridas. Cláudia de Lima Fernandes, de 16 anos, teve 30% do corpo queimado. A adolescente é filha do casal Ayres Fernandes de Rosa Lima, ambos de 54 anos, mortos no acidente, e sofre de síndrome de Down.
Ela foi transferida nesta madrugada para o Hospital do Servidor Público, mas não corre risco de morrer. Além dela, Laís Gonçalves da Silva Coutinho de Mello, de 11 anos, também teve ferimentos, mas deve deixar o Hospital do Mandaqui ainda nesta segunda-feira. Uma mulher de 92 anos teve um enfarte ao ver a queda do avião e continua internada.
O Instituto Médico Legal (IML) ainda trabalha na identificação de quatro vítimas. Dos oito mortos, foram identificados oficialmente Lucas de Souza Soh Junior, 20 anos; Ana Maria de Lima Fernandes, 21; o piloto Paulo Roberto Montezuma Firmino, de 39 anos, e o co-piloto, Alberto Soares Junior, de 24.
Morreram também no acidente Lina Oliveira Fernandes, de 75 anos e Luan Vitor de Lima, de apenas 9 meses, filho de Ana Maria e Lucas.
A família Oliveira Fernandes estava fazendo um churrasco no momento do acidente, por volta das 14h10m. A maior parte dos corpos foi encontrada na cozinha e na área de serviço.
De acordo com a Defesa Civil, a casa vizinha ao imóvel destruído terá de ser demolida. Outras duas casas devem ser vistoriadas nesta segunda. No total, quatro casas foram interditadas e 28 pessoas ficaram desalojadas. Dez delas passaram a noite na casa de parentes e outros 18 foram para um hotel na Barra Funda.
No início da manhã, o Corpo de Bombeiros retomou as buscas na Rua Bernardino de Sena para recolher fragmentos do jato.Aeronave teria tentado retornar ao Campo de Marte
Durante a madrugada, o Corpo de Bombeiros terminou o trabalho de retirada das peças maiores dos escombros. A asa da aeronave, que tinha combustível e poderia causar a explosão, foi retirada durante a noite. Uma das turbinas da aeronave foi o último grande fragmento a ser retirado. O material está sendo levado para o Campo de Marte.
Segundo o Capitão Mauro Lopes, porta-voz dos bombeiros, o trabalho da corporação no local do acidente deve terminar ainda hoje.
Os destroços devem ajudar na investigação do acidente pela Aeronáutica. Depois de decolar do Campo de Marte, o Learjet voou por pouco tempo. Especialistas em segurança de vôo dizem que é possível que tenha ocorrido uma pane elétrica ou incêndio no motor. Chovia forte no momento do acidente.
Segundo testemunhas, os motores pararam de funcionar assim que o avião decolou. Logo em seguida, a aeronave fez uma manobra que não foi comunicada à torre de controle: uma curva para a direita, quando o correto teria sido virar à esquerda. De acordo com Carlos Mineli de Sá, do Serviço de Proteção ao Vôo, este procedimento é adotado quando há problemas com o motor e o piloto tenta voltar ao Campo de Marte.
O piloto chegou a ser avisado do erro pela torre de controle, mas não houve resposta, indicando que o avião já poderia ter algum problema, diz Sá. Ele explicou também que o avião decolou da pista 30 do Campo de Marte e, por isso, precisava fazer curva à esquerda para não interferir no tráfego aéreo de Guarulhos.
Os investigadores da Polícia Civil levantam a hipótese de uma pane elétrica ou incêndio, o que teria levado o piloto a desligar os motores da aeronave.
- O avião ia bater em um conjunto de prédios, mas conseguiu desviar e dar meia volta. A impressão era de que ia retornar para o Campo de Marte - diz o mestre-de-obras João Wellinton Albuquerque Souza, que estava em frente ao aeroporto.
O LearJet 35, modelo 35, prefixo PT OVC, da empresa de táxi aéreo Reali, ia para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e voava a 3.600 metros de altura. A aeronave pertence à empresa Reali Táxi Aéreo.
O Learjet não tem caixa preta. Segundo Carlos Mineli de Sá, esse tipo de aeronave só possui o Cockpit Voice Recorder, conhecido como VCR, que grava as conversas dentro da cabine. A análise do equipamento será importante para elucidar as causas da queda.
A Aeronáutica deve apresentar um relatório sobre o acidente em 30 dias. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a manutenção da aeronave estava em dia.
Cinco acidentes aéreos em uma semana
A queda do bimotor foi o quinto acidente aéreo em uma semana em São Paulo. Na quinta-feira, três helicópteros caíram no estado, matando três pessoas e deixando outras seis feridas.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as causas do acidente e irá intimar representantes da Reali, dona do Learjet, especializada em transporte inter-hospitalar, para que apresentem as especificações técnicas da aeronave. Testemunhas do acidente serão ouvidas em uma base móvel da polícia, montada no Ibis Hotel, na Barra Funda, onde estão hospedados entre 10 a 20 moradores da Rua Bernardino de Sena que tiveram suas casas interditadas após o acidente.
O Campo de Marte fica na zona norte de São Paulo, em Santana. É o aeroporto mais antigo do estado e o quarto de maior movimento em todo o país. No ano passado, registrou trânsito de mais de 170 mil passageiros e 85 mil pousos e decolagens, 70% de helicópteros.
Construído em 1920, o Campo de Marte opera com aviação executiva, taxi aéreo, escolas de pilotagem e serviço aéreo das polícias Civil e Militar.
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