Pelo menos 16 suspeitos de envolvimento com o crime organizado em São Paulo foram mortos nesta madrugada em confrontos com a polícia, uma dia após o balanço da reação policial à onda de atentados iniciada no fim de semana ter suscitado questionamentos da imprensa e uma defesa veemente de seus comandantes. Em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, nove suspeitos morreram na madrugada em confrontos com policiais, segundo a GloboNews TV. As circunstâncias ainda não estão claras. Outras mortes ocorreram na capital e em Osasco (no revide de um ataque à prefeitura). A polícia também matou três assaltantes que roubaram um carro em Itaquacetuba. A vítima afirmou que eles disseram que planejavam atacar postos da PM.
Se somadas as 71 mortes contadas até terça-feira, chegam 87 os suspeitos abatidos pela polícia. Somente na terça-feira, teriam sido 33.
- Chegaram a dizer que os bandidos receberiam televisões de plasma. O plasma que eu conheço é o do sangue. A polícia foi para cima - disse, na terça-feira, numa entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antonio Desgualdo .
- Se cutucarem a onça com vara curta, vai ter encrenca. Mas tudo dentro da legalidade, embora não tenhamos de abaixar a cabeça. Nós representamos a força do bem, a voz da sociedade.
A polícia não divulgou até agora a lista dos nomes dos mortos nos confrontos . A família de pelo menos um dos mortos acusa a polícia de tê-lo alvejado, aparentemente confundindo-o com um suspeito. Morto com três tiros na tarde de segunda-feira, em São Mateus, na zona leste da capital, o comerciante Lindomar Lino da Silva, de 29 anos, foi, nas palavras de sua família, uma vítima do excesso da PM .
O diretor da Associação dos Oficiais da PM, major Sergio Olímpio Gomes, também saiu em defesa da reação policial aos atentados e disse que a estratégia se mantém.
- Durante muitos anos se amordaçou a polícia de São Paulo. Não vamos mais aceitar isso. Metralharam nossas casas, nossas famílias, ao arrepio da lei. Nós, dentro do limite da lei, vamos mostrar nossa força - disse o major, em entrevista . - Vamos prender mais do que matar, mas se entrarem em confronto com a gente, vamos revidar e vai morrer mais gente. Não faremos execuções sumárias, desenfreadas. Nosso compromisso é fazer tudo dentro da lei
Madrugada violenta
Nas primeiras horas desta quarta-feira, no bairro do Limão, na zona norte da capital, policiais militares desconfiaram de um motoqueiro e tentaram abordá-lo. Ele reagiu e atirou contra a viatura da PM com uma espingarda calibre 12. Na troca de tiros o os suspeito foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Nenhum policial ficou ferido.
Na zona leste, três homens dispararam vários tiros contra um posto de atendimento da Sabesp, a companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo. Policiais numa viatura que passava pelo local testemunharam o atentado. O motorista do carro utilizado pelos criminosos fugiu assim que os policiais apareceram, deixando para trás os outros dois bandidos. Um estava armado com revólver calibre 38 e reagiu. Na troca de tiros foi baleado e morreu no hospital. O outro criminoso, que portava um revólver calibre 32, abandonou a arma e fugiu a pé.
Na zona norte, seis homens encapuzados invadiram uma escola municipal. Eles dispararam oito tiros e jogaram um coquetel molotov, que não explodiu. Com a chegada da guarda municipal, os criminosos fugiram deixando para trás outro coquetel molotov. Ninguém ficou ferido.
Em Osasco, na região metropolitana, mais dois bandidos foram mortos nesta madrugada numa troca de tiros com a polícia, depois de dispararem contra o prédio da prefeitura da cidade.
Em Itaquacetuba, na Grande São Paulo, outros três homens foram mortos em confronto com a PM. Eles estavam em um carro roubado e armados com uma espingarda calibre 12, uma pistola 767 e um revólver 38. Segundo a polícia, a vítima do roubo teria contado que os ladrões disseram a ela que pretendiam atacar alguns lugares, provavelmente bases da PM nesta madrugada.
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