Caça a traficante começou em Curitiba

Curitiba – Um incidente com um avião no Aeroporto Bacacheri em 2005 foi o ponto inicial da investigação que culminou na prisão de um dos traficantes mais procurados do mundo, o colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, em São Paulo, na terça-feira. Na época, a ocorrência com uma aeronave de pequeno porte chamou a atenção da Polícia Federal (PF). Não houve feridos, mas a polícia recebeu a informação de que uma grande quantidade de dinheiro estava sendo transportada no avião. A partir dali, os três tripulantes passaram a ser investigados. Um deles, o piloto André Barcellos, também foi preso, no Rio Grande do Sul. Por ser gaúcho, a operação recebeu o nome de Farrapos. Os outros dois estão desaparecidos. Segundo a PF, a investigação acabou ligando Barcellos à Abadía. O piloto era o braço direito do traficante e responsável pelo transporte de dinheiro da quadrilha.

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PF confisca bens de Abadía no RS

Porto Alegre – Tudo o que a Polícia Federal encontrou no Rio Grande do Sul pertencente ao traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, de 44 anos, foi confiscado e mandado para São Paulo ontem.

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A Polícia Federal (PF) apreendeu, no início da noite de quinta-feira (10), US$ 952 mil e 420 mil euros que pertenceriam ao traficante Juan Carlos Ramirez-Abadia em uma casa na região de Campinas, a 95 km de São Paulo. Somados, o valor chega a quase R$ 3 milhões. Em janeiro, a polícia colombiana encontrou US$ 81 milhões (cerca de R$ 160 milhões) enterrados em um imóvel do traficante na Colômbia. O objetivo da operação realizada pela PF era desmantelar uma das ramificações da organização liderada por Abadia, acusado de ser o maior traficante das Américas. Os agentes vasculharam casas de pessoas supostamente ligadas ao colombiano que está preso na sede da PF na Capital, no Bairro da Lapa, Zona Oeste da cidade. Duas pessoas foram detidas.

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Abadia teria revelado aos policiais que escondia dinheiro em condomínios fechados naquela cidade. Entre os detidos estariam uma colombiana e uma brasileira. Não há informações sobre apreensão de droga. Os dois detidos chegaram na madrugada desta sexta-feira (10) à sede da PF.

Pedido da Colômbia

Enquanto seguem as investigações em São Paulo, autoridades colombianas querem ouvir Abadia no Brasil. O pedido já foi feito à Justiça brasileira. A permanência do traficante na sede da PF em São Paulo é motivo de preocupação. Por isso, a qualquer momento ele pode ser levado para um presídio de segurança máxima no Paraná, em Mato Grosso do Sul ou em Presidente Bernardes, a 589 km de São Paulo.

Abadia, também conhecido por "Chupeta", era um dos traficantes mais procurados do mundo. Ele carrega a fama de ter assumido o lugar de Pablo Escobar, chefe do cartel de Medellín, morto em 1993. A recompensa por sua prisão vale, segundo autoridades norte-americanas, US$ 5 milhões.

Desde o dia da prisão, na terça-feira (7), Ramirez-Abadia já foi interrogado duas vezes. No depoimento desta quinta, ele disse que aceita colaborar com as investigações desde que tenha benefícios no caso de uma condenação. É a chamada delação premiada. A operação realizada na região de Campinas seria fruto da colaboração de Abadia.

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A PF identificou 16 empresas que podem ter sido usadas para lavar o dinheiro do tráfico de drogas, entre a Colômbia e os Estados Unidos. Uma delas é um escritório de importação e exportação em Pinheiros, na Zona Sul da Capital, que está trancado e com dois cães soltos no estacionamento. As investigações mostraram ainda que o colombiano tentava abrir uma empresa da táxi aéreo no país.

No Brasil, Ramirez-Abadia é processado por lavagem de dinheiro. A PF diz que ele não se afastou dos traficantes colombianos. "Ele estava aqui para lavagem de dinheiro. Mas ele não deixou de participar do grupo que vinha traficando", disse Jaber Saad, superintendente da PF.

Prisão preventiva

A polícia também pediu a prisão preventiva de 12 pessoas envolvidas com o traficante. Uma delas é a mulher de Ramirez-Abadia.

A organização liderada por Abadia vendia cocaína na Europa e nos Estados Unidos, onde possuía ampla rede de distribuição. O dinheiro obtido na venda era retirado dos EUA através do México, enquanto o lucro da droga distribuída aos europeus saía do continente por meio da Espanha.

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Do México e da Espanha, o dinheiro era transferido para o Uruguai. Era aí que entravam em ação as empresas "laranjas" de Abadia no Brasil. As empresas, dos mais diferentes ramos, como comércio exterior, embarcações, e imóveis, faziam negócios no Uruguai, tornando lícito o dinheiro que entrava no Brasil.

Já dentro do país, o traficante investia em imóveis (hotéis e mansões), na indústria e na aquisição de carros.