O delegado-chefe da Polícia Federal (PF) de Londrina, Sandro Viana dos Santos, instaurou ontem inquérito para investigar a acusação de recebimento de recursos não declarados (caixa 2) durante a campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT) em Londrina, no ano passado. A denúncia feita pela ex-assessora do partido Soraia Garcia, acusando a Executiva Municipal de operar um esquema irregular de R$ 6,5 milhões, foi levada ontem de manhã para a sede da PF pelo promotor-substituto da 41.ª Zona Eleitoral, Sérgio Siqueira. As investigações devem começar na segunda-feira e serão conduzidas pelo delegado Kandy Takahashi.
Também foram entregues ao delegado uma agenda contendo dados que demonstrariam a movimentação paralela de recursos da campanha, nomes de colaboradores e de diversas pessoas ligadas ao partido. A ex-assessora também entregou recibos, cartões e canhotos de talões de cheque recolhidos por ela durante o tempo em que trabalhou na campanha.
Sandro dos Santos disse que o inquérito policial vai apurar se houve ou não crime eleitoral na campanha petista do ano passado. Ele ponderou que os papéis apresentados e a agenda não configuram crime, pois não comprovam a realização de recebimento ilegal de recursos. "Mas ela (Soraia) falou de forma muito contundente e também sob juramento. Se o que ela disse não se comprovar, ela acaba sendo responsabilizada", completou.
O delegado antecipou que dois pontos do depoimento de Soraia ao MP terão atenção especial. Um deles é o suposto pagamento de locação de veículos durante a campanha com dinheiro vindo de Brasília (DF), mas tendo origem em Belo Horizonte (MG). O promotor Sérgio Siqueira indicou que, de acordo com Soraia, várias locadoras da Cidade teriam recebido dinheiro de forma irregular. "Isso pode significar que existe dinheiro proveniente do Marcos Valério (publicitário mineiro acusado de ser o operador do "mensalão" na Câmara dos Deputados)", analisou.
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