Dois delegados federais de Brasília, peritos criminalistas e um grupo de agentes investigam o furto de 677 mil euros, US$ 63 mil e R$ 21 mil (um total equivalente a pouco mais de R$ 2 milhões) ocorrido dentro da Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, no Centro do Rio. Nesta segunda-feira, a Polícia Federal afastou 60 policiais, entre eles 5 delegados, que estavam de plantão no fim de semana.
O Ministério Público Federal vai apurar o desaparecimento e deu um prazo de 24 horas para receber o nome e a função de todos os policiais que participaram da operação. O procurador da República Gino Liccione, do grupo de Controle Externo da Atividade Policial, requisitou, ainda, que em 48 horas sejam encaminhadas cópias dos documentos referentes às atividades policiais realizadas até a apreensão da quantia desaparecida, para que sejam identificados os responsáveis pela guarda do dinheiro e a razão pela qual o montante não foi depositado em um banco, como é de praxe.
O dinheiro, apreendido durante a Operação Caravelas - que desbaratou uma quadrilha de traficantes internacionais e apreendeu 1,6 toneladas de cocaína - estava num cofre da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A porta que leva à sala do cofre foi arrombada. Já os US$ 490 mil apreendidos sábado no Porsche de um dos integrantes da quadrilha não estavam no cofre porque já tinham sido tranferidos para Goiânia, onde corre o processo.
- Estou envergonhado com esse lastimável acontecimento. Uma ação de criminosos infiltrados. Isso mostra como o crime organizado é forte. Mas nós da Polícia Federal vamos fazer o que for possível para chegar aos autores e puni-los - reagiu o delegado Ronald Urbano, coordenador da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF em Brasília.
O furto foi descoberto nesta segunda-feira de manhã quando os primeiros agentes chegaram à DRE para trabalhar e encontraram a sala arrombada. No local além do dinheiro, eram guardados documentos e as duas toneladas de cocaína encontradas em peças de carne na quinta-feira, em um galpão do Mercado São Sebastião. A organização é acusada de exportar a droga do Rio para países da Europa.
Segundo a direção da Polícia Federal, o roubo deve ter acontecido no domingo. A porta de vidro da Delegacia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes estava aberta. Depois, o ladrão arrombou duas portas de madeira fina e chegou na sala do escrivão. Lá, ele sabia exatamente onde estavam as chaves da sala que funciona como cofre.
- Após o exame pericial, nós vamos poder analisar o que realmente ocorreu. Obviamente, houve um descuido da guarda das chaves do escrivão - afirmou o delegado Roberto Prel, da Polícia Federal.
Os bens da organização que já foram identificados pela PF estão avaliados em R$ 50 milhões. O valor corresponde a mais de quatro vezes o montante da verba que a PF dispõe para o combate anual ao tráfico de drogas em todo o país, que gira em torno de R$ 12 milhões. Só a casa de um dos chefes da quadrilha, em Angra dos Reis, está avaliada em R$ 7 milhões, segundo a polícia. A casa tem até uma sala de projeção, uma espécie de cinema particular.
No total, dez pessoas estão presas. A empresária Sandra Tolpiakow, sócia do restaurante Satyricon e da pizzaria Capricciosa, está presa em Goiás, desde sábado.
Nesta segunda-feira, a Justiça decidiu que o processo contra a quadrilha vai ser em Goiás, onde a investigação começou. A Polícia Federal de Goiás é que vai decidir se pede a quebra de sigilo bancário, telefônico e fiscal dos dez presos, além do confisco dos bens.
Quanto ao roubo na Polícia Federal no Rio de Janeiro o delegado Roberto Prel informou que agentes de outros estados vão ajudar nas investigações, e que instituições bancárias foram mobilizadas para ajudar a rastrear o dinheiro. A cocaína apreendida será destruída o mais rapidamente possível.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião