A Polícia Federal indiciou nove pessoas sob suspeita de desvio de pelo menos R$ 4,2 milhões do programa do Ministério do Esporte Segundo Tempo para a ONG Pra Frente Brasil, sediada em Jaguariúna (SP). Entre os indiciados está a ex-vereadora da cidade e ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues (PCdoB), gerente da entidade. Segundo a PF, Karina usava dinheiro desviado da ONG para despesas pessoais, como para pagar dentista e empregada doméstica.
Planilhas encontrada pela polícia durante operação policial no ano passado mostraram o possível pagamento de valores registrados como "partido", além de saques em dinheiro de valores da ordem R$ 50 mil e que, segundo a anotação, seriam destinados à ex-vereadora.
Os nove foram indiciados na semana passada pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica, sonegação, formação de quadrilha, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro.
A ONG Pra Frente Brasil recebeu em torno de R$ 30 milhões entre os anos de 2007 e 2011 para desenvolver atividades esportivas para atender 18 mil crianças e adolescentes, mas além de atender um número muito menor de beneficiados, fornecia serviços com materiais com qualidade inferior do que o declarado.
As investigações também mostraram pagamentos indevidos para fornecedores e para mais de 200 pessoas que nunca prestaram serviços para a entidade. Para encobrir as fraudes, a ONG mudou por diversas vezes a sua diretoria usando nomes de pessoas próximas a Karina.
Ex-ministro
Em outubro de 2011, então ministro do Esporte Orlando Silva deixou o governo após acusações de ter participado de um suposto esquema de fraude no programa Segundo Tempo, do seu ministério. As suspeitas foram levantadas pelo policial militar João Dias Ferreira em entrevista à revista Veja.
Ferreira e seu motorista, Célio Soares Pereira, disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na garagem do ministério.
A situação de Orlando se agravou quando Comissão de Ética da Presidência iniciou investigações de um suposto envolvimento do ministro em fraudes na pasta. Após a Folha de S.Paulo revelar que, em julho de 2006, Orlando assinou um despacho que reduziu o valor que a ONG do policial precisava gastar como contrapartida para receber verbas do governo, permitindo que o policial continuasse participando de um programa social do ministério. O caso foi arquivado por falta de provas.
Orlando Silva disputou neste ano uma vaga de vereador pelo PCdoB em São Paulo. Não se elegeu, mas ficou como primeiro suplente do partido, assumindo a vaga de Netinho de Paula (PCdoB), que foi indicado para uma secretaria da administração Fernando Haddad em São Paulo.
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