A Polícia Federal prendeu 33 pessoas acusadas de participar de um esquema que promovia o desmatamento e a exploração ilegal de madeira da Amazônia. As prisões fazem parte da Operação Novo Empate, iniciada nesta sexta-feira, com o objetivo de desarticular uma quadrilha formada por empresários do ramo madeireiro e lobistas que atuavam nos estados do Acre e Rondônia. O esquema contava ainda com a participação de servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).
De acordo com as investigações, desenvolvidas conjuntamente entre PF e Ibama, o grupo criminoso fazia a extração ilegal de madeira e obtinha lucro fraudando o sistema de controle de Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPF). A quadrilha utilizava empresas "fantasmas" e também empresas legalmente estabelecidas para obtenção das ATPFs. Posteriormente, segundo a PF, "esquentavam" o estoque de madeira dos estados do Acre e Rondônia.
Segundo as investigações, um mesmo intermediário chegou a retirar 7.540 ATPFs no Ibama do Acre no ano de 2004, o que representa quase 50% de todas as autorizações emitidas no estado naquele ano, que foi de 15.812 ATPFs. A Operação Novo Empate faz parte do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia que já realizou, desde 2003, oito operações para desmonte de quadrilhas especializadas em crimes ambientais e grilagem de terras públicas.
Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a atual operação da Polícia Federal é mais um aviso de que o governo federal não deixará impune as pessoas que destroem a natureza e significa também uma referência histórica à luta do seringueiro Chico Mendes.
- Ela dá margem a toda a luta e o esforço do Chico Mendes e das populações regionais da Amazônia no Acre que começaram a prática dos empates colocando seus próprios corpos em defesa da floresta para evitar às derrubadas. O nome está ligado a essa luta, mas só que agora um empate de novo tipo. Agora, são as instituições públicas, a Polícia Federal, o Ibama, o Ministério Público, enfim, os mecanismos de combate à contravenção que estão fazendo empate das práticas ilegais - afirmou.
O nome da operação faz referência à luta histórica do sindicalista Chico Mendes, que morreu assassinado em dezembro de 1988, no Acre. Sua vida foi marcada pela defesa do meio-ambiente e dos povos da floresta. O "empate" era a forma de luta dos seringueiros para impedir o desmatamento da floresta.
A ação, que teve sua primeira organização em 1976, reunia homens, mulheres e até crianças para "convencer" os peões que trabalhavam para os fazendeiros a não desmatar a floresta, porque isso causaria impacto na vida dos trabalhadores. Em troca, ofereciam a eles a associação no trabalho dos seringais.
Como resultado das investigações da Operação Novo Empate, foram expedidos 34 mandados de prisão. Do total, 24 são do Acre, um no Mato Grosso, oito em Rondônia e um no Amazonas. Foram emitidos ainda, 74 mandados de busca e apreensão nos estados do Acre, Amazonas, São Paulo, Rondônia e Mato Grosso. Os envolvidos no esquema responderão por crimes como o de formação de quadrilha, falsificação de ATPF e estelionato.
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