Brasília (AE) A Polícia Federal prendeu ontem o secretário de Planejamento da Paraíba, Cícero de Lucena Filho, que foi ministro de Políticas Regionais do governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso e é o presidente regional do PSDB no estado. Lucena Filho é acusado de integrar uma quadrilha que, desde 1999, fraudava licitações na prefeitura da capital paraibana. Além dele, foram presos mais seis acusados, entre os quais, outros membros do partido e dois ligados às construtoras OAS e Coesa Engenharia, também envolvidas nas irregularidades.
A estimativa é de que o grupo tenha desviado pelo menos R$ 13 milhões em superfaturamento de preços ou pagamento por serviços não realizados, só em obras pagas com recursos do governo federal. Autorizadas pela Justiça Federal no estado, as prisões fazem parte da Operação Confraria, que mobilizou 150 policiais de cinco estados nordestinos. As investigações começaram em março, com base em auditoria feita em 2004 pela Controladoria-Geral da União (CGU) nas contas da prefeitura. Foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão.
A detenção de Lucena Filho abriu uma guerra entre administração federal e oposição dentro do Congresso. O PSDB soltou uma nota oficial, "estranhando" a prisão. No comunicado, os tucanos dizem que "a prisão, nas circunstâncias em que ocorreu, reforça a suspeita de que operações policiais espalhafatosas vêm-se prestando a dar um lustro falso de seriedade e autoridade a um governo enredado em indícios cada vez mais veementes de corrupção". O texto conclui com a afirmação de que "o PSDB não se intimida diante dessa tentativa de fuzilamento moral" e "continuará a denunciar e a combater, com a mesma firmeza, tanto a corrupção como a prepotência a qualquer pretexto, em qualquer nível de governo".
O prefeito de São Paulo, José Serra, criticou a prisão do presidente regional do PSDB. Ele também acusou o PT de tentar intimidar seus adversários políticos. "O PT não parece ter limites, no abuso com os recursos públicos, com os desvios e não parece ter limites com os gestos de intimidação", disse Serra.
Lucena Filho é processado pela Procuradoria-Geral de João Pessoa, que quer que ele devolva R$ 400 mil ao erário. O valor é relativo a reparos do Viaduto do Cristo Redentor, chamado de "Sonrisal", referência a uma marca de antiácido, porque não suportou as chuvas e se desmanchou pouco depois de ser construído na administração dele.